Em fevereiro de 1986, então repórter do centenário O Fluminense, fui ao bairro Viçoso Jardim, palco da tragédia que pode ter matado mais de 200 pessoas na noite dessa quarta-feira. O prefeito de Niterói na época era o médico Valdenir Bragança, que muito falava em obras de infra-estrutura naquele local, mas saiu sem fazer nada, deixando um belo projeto na gaveta e uma área pronta para ser ocupada por quem bem entendesse.
Bragança, que havia sucedido Moreira Franco (que também nada fez), foi substituído no dia 1º de janeiro de 1989 pelo jovem Jorge Roberto Silveira, que saiu no dia 31 de dezembro de 1992 para dar a vaga ao seu ex-secretário de Obras, João Sampaio, que governou até dezembro de 1996, tendo devolvido a Prefeitura a Jorge Roberto, que acabou reeleito quatro anos depois. Silveira ficou fora por seis anos e nesse período o município esteve sob os cuidados de Godofredo Pinto, cabeça, tronco e membros de Jorge Roberto, no cargo agora pela quarta vez.
Pois é. Desde aquele mês de fevereiro de 1986 se passaram 24 anos e nada foi feito no hoje cenário de uma das maiores catástrofes que esse país já viu. De lá para cá a comunidade do Bumba só fez crescer. Hoje ouvi as autoridades locais se eximindo de culpa, afirmando que não era possível prever tamanho perigo. Claro que era. Não sou engenheiro e como jornalista falei sobre o assunto com pelo menos três especialistas e todos me disseram que essa tragédia estava anunciada há muito tempo.
É claro que o “imperador” de Niterói vai tirar o seu da reta e certamente jogar a culpa nas vítimas, esses pobres diabos que sem ter onde morar tiveram de se virar e aceitar correr riscos lá no Bumba, mas eu, aqui na minha insignificância ouso afirmar que culpados sãos todos os que mandaram e desmandaram em Niterói nos últimos 24 anos e nada fizeram.
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