segunda-feira, 12 de abril de 2010

Com dinheiro, mas sem ação

Casimiro de Abreu continua recebendo mais recursos que cidades bem maiores, mas prefeito não mostra serviço e fala em economia

Munido de gráficos, mapas e tabelas o prefeito Antonio Marcos Lemos reuniu sua equipe de governo e boa parte dos servidores da Prefeitura para dizer que o momento é de crise, que é preciso economizar e que este ano não terá como dar aumento de salário ao funcionalismo. O prefeito falou em queda de receita, mas os números mostram o contrário. De acordo com o Portal da Transparência, site oficial do governo federal, nos três primeiros meses deste ano o município recebeu exatos R$ 16.670.294,37 de repasses federais, uma média de R$ 5.556,764, 79 por mês, a mesma do ano passado, quando o município recebeu o total de R$ 68.862.862,35 de recursos federais, três vezes mais que cidades com até quatro vezes mais moradores que Casimiro de Abreu.

Para o professor Maurício Aires da Costa, especialista em gestão pública, o problema de Casimiro de Abreu deve ser de digestão. “Estamos falando de uma cidade com pouco mais de 30 mil habitantes, cuja população não consegue ver o resultado da aplicação desses recursos. O município de Nilópolis tem mais de 160 mil habitantes e recebeu nos últimos três meses R$ 10.886.926,56 do governo federal. Durante todo o ano passado essa cidade que tem um universo populacional cinco vezes maior que o de Casimiro de Abreu teve menos recursos e teve grandes obras. Isso nos aponta mais ou menos onde está o problema: na gestão”, afirma Maurício.


Números em conflito

Com três vezes mais habitantes que Casimiro de Abreu o município de Itaguaí recebeu da União em janeiro, fevereiro e março de 2010 pouco mais de R$ 10 milhões. Durante 2009 os repasses chegaram ao total de R$ 52.632.679,21, R$ 16 milhões a menos que a cidade comandada pelo prefeito Antonio Marcos, mas o prefeito Carlos Busato, o Charlinho conseguiu grandes realizações. “O segredo é definir prioridades e destinar os recursos para elas. Administrar é isso”, fala o prefeito de Itaguaí.

Para Sérgio Sessim, prefeito de Nilópolis, o gestor público precisa conhecer muito bem a realidade de sua cidade, traçar um programa de governo voltado para as reais necessidade e ir eliminando uma a uma. “Se não for assim, não se faz nada. O dinheiro é pouco e os problemas são muitos. Se não agirmos com austeridade não chegamos a lugar algum”, sintetiza Sergio.

“Se com menos dinheiro e bem mais moradores as administrações dessas cidades conseguem fazer muito mais e mostrar serviço à população. Casimiro de Abreu deveria estar muito melhor. Se isso não acontece, é bom que Antonio Marcos reúna sua equipe de governo e reveja seu jeito de governar”, completa o especialista.


Sem evolução

Em junho do ano passado o prefeito Antonio Marcos gabava-se de ter dinheiro em caixa, de ter conseguido reduzir os gastos, mas fechou 2009 sem grandes feitos. Em dezembro anunciava que 2010 seria um ano marcado por grandes realizações. Passados três meses, a impressão que se tem é que 2010 ainda não começou.

“Não dá para entender esse prefeito. Primeiro ele fala que os cofres estão cheios. Agora fala que precisa economizar e que nós não teremos aumento este ano. Onde então foi parar o dinheiro que ele dizia ter em caixa, se nada foi feito?”, pergunta uma professora chateada por saber que não haverá aumento e que sequer se sabe se haverá abono natalino este ano.


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