domingo, 28 de setembro de 2008

As farsas de uma administração

Conheço o projeto Bairro-Escola, propalado pelo prefeito Lindberg Farias e sua gente como uma perfeição. Confesso que acho a proposta ótima e concordo com os prêmios a ela conferidos, mas ressalto, que estou falando do que está no papel e não do que vem sendo executado, pois isso é uma porcaria, uma farsa para enganar bobos, assim como a maioria dos canteiros de obras espalhados bairros a fora, como a duplicação do viaduto da posse por exemplo, que não está interrompida, mas também não avança de jeito nenhum.

O Bairro-Escola consistiria em fazer as crianças permanecerem nos colégios por tempo integral, o que não vem acontecendo, até por falta de espaço físico, pois embora tenha recebido R$ 264 milhões para investir em Educação o prefeito não conseguiu construir uma escola que seja. Se o número de salas de aula não foi ampliado, como então os alunos da rede municipal de ensino podem ficar nas escolas em tempo integral? Isso por si só desmorona essa enganação.

Hoje quem tenta se deslocar de Nova Iguaçu para Belford Roxo tem de seguir pela Rodovia Presidente Dutra, subir o viaduto de Rocha Sobrinho e seguir pela estrada da Bayer, porque ficou impossível fazê-lo pela Prata ou Andrade Araújo, pois para fazer volume publicitário, o prefeito mandou esburacar várias ruas de uma só vez e as empreiteiras - que não recebem pelo serviço prestado não tem condições de operar com o número de operários suficiente. O resultado é desastroso e o serviço não rende de forma alguma.

A sede de publicidade dessa administração é tão grande que essa gente que brinca de administrar o município resolver tumultuar todo o centro da cidade, provocando engarrafamentos monstruosos para causar a impressão de que Nova Iguaçu foi transformada num grande canteiro de obras, mas a única coisa que esse desgoverno consegue despertar é a ira dos motoristas.

É por essas e outras irresponsabilidades que Nova Iguaçu passou a ser chama de “Terra do faz de conta”, pois tudo no município passou a ser obra de ficção, menos os escândalos, as fraudes e o postura vendida da maioria dos 21 vereadores.




Agora falta pouco

Não me lembro de uma eleição tão disputada em Nova Iguaçu como essa. A diferença de oito pontos percentuais e o número de 17% de indecisos vai levar os candidatos e pessoas diretamente envolvidas no processo eleitoral, a loucura! Mesmo assim, ainda sinto que faltou alma nessa disputa. Até a militância dos candidatos principais me pareceu apática. Ninguém queria a baixaria de outras épocas ou desrespeito que até chegou a acontecer nesse pleito. Mas, o que se viu nas ruas de Nova Iguaçu foram dois grupos de profissionais, técnicos, que não puseram o coração na hora de pedir o voto.

De um lado, o prefeito personagem que mais parecia o boneco utilizado pelo outro candidato. O sorriso fabricado e fácil de Lindberg Farias foi o que mais se viu numa militância que oscilou entre o insosso de um balançar de bandeiras e o agressivo que conseguia vaiar o adversário mas sem alma, sem espírito de luta. De outro, um candidato que parecia cansado da batalha, sem brilho, cheio de pudores sem sentido onde o que a boca dizia parecia não sair do coração.

Já o eleitor, esse então foi o mais estranho de todos. Vai chegar às urnas sem conhecer direito os dois candidatos, sem avaliar, sem sentir. Chegam às urnas num vôo cego pois não tiveram material suficiente para decidir com critério. Acreditam que os dois são iguais, não conseguiram enxergar o que tem por trás de cada um deles. Meio fora do ar, o eleitor vaga como um zumbi. O horário eleitoral passado na rede bandeirantes também dificultou a vida do eleitor já que o canal tem uma transmissão ruim na cidade. Com tudo isso, fica claro que essa disputa apertada nas urnas não é mérito para os candidatos mas exemplo da falta de expressividade das campanhas que foram feitas.

Mesmo com “o já ganhou” do PT ainda não dá para saber exatamente o que vai acontecer dia 5. Não dá para apostar em qual dos dois vai governar Nova Iguaçu. Afinal, o número de indecisos é grande e, diante das circunstâncias, tudo pode acontecer. É uma pena que a decisão não vai ser pelo melhor já que o povo igualou os dois. É uma pena que fomos privados do debate já que o ex-cara pintada fugiu, correu de medo. É uma pena que uma cidade como Nova Iguaçu tenha um pleito apático como esse. É tudo uma pena. Vamos esperar que Nova Iguaçu sobreviva a isso.





Negócios suspeitos em família

Ministério Público investiga depósitos em dinheiro feito por secretário

de Finanças de Nova Iguaçu, para pagar contas pessoais do prefeito e prestações de apartamento registrado no nome da mãe de Lindberg Farias

Até quem já conhecia o prefeito Lindberg Farias (PT) de outros carnavais ficou surpreso com a quantidade de processos e com sua atuação na Prefeitura. O Ministério Público investiga há um ano e meio denúncias muito sérias envolvendo a mãe do prefeito em um suposto esquema de corrupção que está sendo encarado como formação de quadrilha. Chegou ao Ministério Público estadual cópias de extratos bancários onde são depositados valores para pagamento de um apartamento no condomínio Lake Side,no nome da mãe do prefeito, Ana Maria de Farias.

O Lake Side fica localizado em Brasília e até a posse de Lindberg como prefeito de Nova Iguaçu estava com prestações atrasadas de aproximadamente R$ 47 mil. Os documentos em posse do Ministério Publico mostram vários depósitos feitos para pagar as dívidas de Lindberg então como deputado federal. O que os promotores ainda não divulgaram, alegando segredo de Justiça, é se o dinheiro saia dos cofres públicos, do bolso dos fornecedores ou de um suposto esquema de corrupção revelado através de gravações por ex-membros do governo. Além do condomínio no nome da mãe de Lindberg, o MP investiga também pagamentos de contas pessoais de Lindberg como faturas de gastos com telefone das operadoras Vivo e Telemar, todas no nome do prefeito. Documentos aos quais o blog teve acesso mostram que alguns depósitos foram feitos em dinheiro pelo ex-secretário Fazenda, Francisco José de Souza, o Chico Paraíba, nas contas do condomínio, da empresa Wagner Imobiliária e na conta de Lindberg.


Cobrança por e-mail

Logo no início do governo um funcionário identificado como Paulinho recebeu email do gerente da agência da Caixa Econômica que atende à Câmara dos Deputados, Murilo Menezes, pedindo que tomasse providência para o pagamento em atraso de dívidas de Lindberg no valor aproximado de R$ 18 mil. Paulinho reenviou o email para o então secretário de Fazenda Chico Paraíba pedindo que tomasse providências. Segundo depoimentos prestados ao MP, logo depois esses pagamentos foram feitos.

A cobrança do gerente foi feita no dia 25 de agosto de 2005, em mensagem eletrônica enviada às 10h34. “Caro Paulo, gostaria de pedir sua ajuda no sentido de resolver as pendências de Luiz Lindberg Farias Filho na Caixa... Precisamos de uma posição com relação ao assunto o mais breve possível”, disse, entre outras coisas, Murilo no e-mail, que imediatamente foi encaminhado por Paulinho a Chico Paraíba, com o seguinte recomendação: “Chico, recebi essa segunda mensagem do Murilo... Acho que ele deve estar sendo pressionado pela direção do banco... Veja o que é possível fazer com urgência, pois esse assunto pode se tornar público lá em Brasília, nada bom para o momento que vivemos”.

Ao encaminhar a mensagem recebida do gerente, Paulinho disse ainda a Chico que não queria mais nenhum vínculo com as coisas pessoais de Lindberg.


Investigado desde os primeiros seis meses

Logo nos primeiros seis meses de governo, o prefeito Lindberg passou a ser investigado pelo Ministério Público Estadual. O processo está atualmente na Procuradoria Regional da República no Rio de Janeiro em fase final. A acusação é de irregularidades na distribuição de bolsas de estudo para alunos que não conseguiram vaga na rede pública. Lindberg e a então secretária de Educação, Marli de Freitas, são acusados de manter 1.700 alunos matriculados na rede pública mas estudando em escolas particulares.

Daí por diante, os processos só se acumularam. Hoje, o governo Lindberg responde a 300 processos na área civil e mais 300 na área de Fazenda Pública. Além disso, o prefeito responde também a outros cinco processos por improbidade administrativa. Mas, os problemas não param por ai. São mais de 100 procedimentos esperando para virar processo e mais de 100 inquéritos na mesma situação. Informações de fontes ligadas ao Ministério Público Federal dão conta de que o prefeito está sendo investigado até pela Polícia Federal da Paraíba. O Ministério Público Federal localizado em São João de Meriti também investiga irregularidades de Lindberg na administração de verbas do SUS.


Dinheiro do SUS para campanha do PT

Entre os processos, o MP quer saber onde foram parar R$ 1,8 milhões que foram utilizados na compra de receituários para serem utilizados por médicos do Hospital da Posse. O material nunca chegou à unidade e as investigações são de que o dinheiro teria sido desviado para ajudar na campanha de Vladimir Palmeira para governador do Estado nas eleições de 2004. O Ministério Público Federal também quer saber por que no dia 23 de setembro de 2005 deram entrada na Secretaria de Saúde dois pedidos de contratação para prestação de serviços exatamente iguais mas um era de R$ 2,8 milhões e outro de R$ 4.712.292,05.

Também está sendo investigado pelo Ministério Público Federal possíveis depósitos da verba da Saúde em Fundo de Renda Fixa o que é proibido pela lei do SUS. Já na área da Educação, a desconfiança está na compra de uniformes onde é investigado possível superfaturamento. Utilizando uma frase do aliado de Lindberg, presidente Lula: Nunca na história de Nova Iguaçu um prefeito respondeu a tantos processos como agora!




segunda-feira, 22 de setembro de 2008

R$ 264 milhões para nada

O governo federal mandou os recursos para Nova Iguaçu, mas a Prefeitura não construiu uma escola se quer nos últimos quatro anos.

O município de Nova Iguaçu foi, segundo o próprio prefeito Lindberg Farias (PT), o que mais recursos recebeu do governo federal nos últimos três anos. Só para o setor de Educação entraram nas contas da Prefeitura R$ 264 milhões e mesmo assim a atual administração não conseguiu construir uma escola sequer. Muito pelo contrário. A única unidade de ensino iniciada está com as obras interrompidas porque a empreiteira contratada não recebe os pagamentos devidos, assim como a Prefeitura deixou de pagar pelas reformas de colégios como a Escola Municipal Marechal Mascarenhas de Moraes, localizada no bairro Santa Eugênia.

De acordo com os moradores do bairro, há três meses a empreiteira LBQ abandonou as obras da escola porque estava sem receber. Segundo Mário Lopez Barbosa, de 67 anos, morador do bairro e ex-operário da empreiteira, a LBQ é a segunda empreiteira a assumir a Escola França Carvalho. A anterior, conta, interrompeu o serviço porque também não recebia da Prefeitura.

Entretanto, revelou um representante da empresa, a construção da escola era, desde o início, responsabilidade da LBT, mas essa firma sub-empreitou a obra para a empresa Fama. O representante disse que realmente os serviços foram paralisados realmente por falta de pagamento



Nem reforma a Prefeitura termina

De acordo com levantamento feito por profissionais da própria Prefeitura, uma escola de boa qualidade pode ser construída com cerca de R$ 600 mil e que se o prefeito Lindberg quisesse usar o dinheiro recebido do governo federal para construir novos colégios, poderia ter feito 400 unidades de ensino. Tão revoltados quanto os moradores do bairro da Prata estão os pais das crianças matriculadas na Escola Municipal Marechal Mascarenhas de Moraes, que desde 2005 esperam pela reforma da unidade.

“Essa reforma já foi iniciada e interrompida umas três vezes, sempre por falta de pagamento. A gente conversava com os operários e eles diziam que estavam sem receber porque a Prefeitura não pagava à empreiteira. Isso é uma vergonha, porque sabemos que o governo federal mandou muito dinheiro para Nova Iguaçu”, desabafa a dona-de-casa Ana Maria de Souza Ramos, que mora próximo à escola.

No primeiro semestre os alunos estavam estudando em um galpão próximo e agora voltaram para a escola, mas estudam em salas sem as mínimas condições. “Gostaríamos que a Prefeitura concluísse a reforma. Isso é o mínimo que o prefeito poderia fazer, mas a gente reclama e ninguém nos dá uma resposta”, completa Ana Maria.