quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DH assume investigações sobre o assassinato de Fernandes

A Delegacia de Homicídios assumiu as investigações sobre a execução de Yacemir de Oliveira Fernandes, de 34 anos, o Fernandes, ex-namorado da empresária Núcia Cozzolino, irmã da ex-prefeita de Magé, Núbia Cozzolino.

A ocorrência registrada na 17ª Delegacia Policial (São Cristóvão), foi assumida agora à tarde pela especializada por orientação da chefia de Polícia Civil. Fernandes foi morto em circunstâncias ainda não esclarecidas na madrugada dessa quarta-feira, na Rua São Januário, nas proximidades da Barreira do Vasco. Ele foi atingido por um tiro de fuzil.


Magé terá prefeito interino por 120 dias

O município de Magé deverá começar 2011 com um prefeito temporário. No próximo sábado, logo após a solenidade de posse dos novos membros da Câmara Municipal, o presidente da Casa, Anderson Cozzolino, o Dinho (PMDB), deverá por em votação o pedido de licença do prefeito Rozan Gomes, que está solicitando um prazo de 120 dias para fazer um tratamento médico. Com problemas no septo nasal, Rozan será submetido a uma cirurgia logo nos primeiros dias de janeiro.

O pedido de licença foi confirmado agora a pouco por uma fonte ligada ao governo, que descartou qualquer possibilidade de renúncia. “O prefeito não está renunciando ao mandato, mas solicitando uma licença para tratamento médico. Ele precisa de quatro meses para fazer a cirurgia e se recuperar plenamente para retornar ao cargo”, completou a fonte.

Se o pedido de licença do prefeito for aprovado pelo plenário, o presidente da Câmara de Vereadores assumirá a Prefeitura interinamente, ficando no cargo de prefeito até o dia 30 de abril, passando o comando do Legislativo para o vice-presidente, Leonardo da Vila.


sábado, 25 de dezembro de 2010

Atendendo a pedidos

Gente, eu prometi a minha mulher que só voltaria a trabalhar no dia 5 de janeiro. Vou cumprir, mas vou abrir essa exceção, pois recebi muitos pedidos para repostar hoje uma reflexão de Natal que publiquei em 2009, me baseando no sofrimento dos servidores que a Prefeitura de Nova Iguaçu deixou sem salário nos últimos três meses daquele ano. Os pedidos partem de trabalhadores terceirizados que desde outubro não recebem o parco dinheirinho, o que equivale dizer que a prefeita Sheila Gama estava falando sério quando dissera que faria uma gestão de continuidade.

Uma reflexão de Natal (24/12/2009)

Hoje os sinos dobram em todas as catedrais. Famílias do mundo inteiro - de mesa farta ou não - estão reunidas para comemorar o nascimento de um menino pobre que tornou-se o Rei dos reis. Nessa data, homens e mulheres – de boa vontade ou não – se mostram mais sensíveis. Até os poderosos que passaram o ano inteiro vilipendiando os pobres, pisando nos direitos do cidadão comum, encontram nesse dia um tempo para falarem mais manso e dispensarem pelo menos um momento de ternura, afinal é Natal, data que nos enternece a todos.

Minha família começa a se reunir nesse momento em que escrevo essas linhas. Nossa mesa é farta, graças a Deus e ao esforço de nosso trabalho, mas em cerca de dois mil lares iguaçuanos o dia foi de tristeza e a noite não deverá ser diferente, pois há três meses pelo menos um membro dessas famílias não recebeu o salário devido pela prefeitura de Nova Iguaçu. Décimo-terceiro então, nem pensar.

Isso é mais que triste. É humilhante, mas a situação não parece incomodar em nada ao prefeito Lindberg Farias, que nasceu em berço de ouro, nunca trabalhou na vida e não sabe o quanto dói ouvir o filho pedir um presente - por mais barato que seja - e esse pedido não poder ser atendido. Acho que temos de parar para pensar. Então convido todos a refletirem lendo a crônica abaixo, texto escrito por Rubem Braga em junho de 1935.

“Luto da família Silva

Assistência foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos “Fatos Diversos” do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.

João da Silva - Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem. Nós somos os Joões da Silva. Nós somos os populares Joões da Silva. Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos principalmente na rua. Nós pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; nós não temos avós na história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando o Brasil foi colonizado, nós éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos imigrantes, mestiços. Somos os Silva. Algumas pessoas importantes usaram e usam nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima importância. Trabalhamos, andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família. Usamos o sobrenome de Tal”. A família Silva e a família “de Tal” são a mesma família. E, para falar a verdade, uma família que não pode ser considerada boa família. Até as mulheres que não são de família pertencem à família Silva.

João da Silva - Nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. Você não possuía sangue azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho - vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para os homens importantes. A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, na mata, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telhas de barro, laça os bois, levanta os prédios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família é feito Maria Polaca: faz tudo.

Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de subir na política...”

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Por quem os sinos dobram...

"Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade." Essa é um das muitas passagens profundas do romance “For Whom the Bell Tolls” (Por quem os sinos dobram), escrito em 1940 pelo autor norte-americano Ernest Hemingway, narrando a história de um professor de inglês, Robert Jordan, um jovem que ingressou nas Brigadas Internacionais, tornou-se especialista em explosivos e recebeu a missão de explodir uma ponte. Jordan e outros personagens acabaram fracassando, porque viram nos inimigos seres humanos que poderiam estar em qualquer lado nessas guerras idiotas travadas por bestas que se dizem grandes líderes.

“Por quem os sinos dobram” não tem nada a ver com o Natal. Os sinos de Hemingway badalam nos despertando a pensar sobre a condição humana, nos leva a refletir sobre as decisões tomadas pelos loucos que se reúnem em gabinetes luxuosos para remapearem o mundo de acordo com seus interesses, transformando pais e filhos em soldados, inserindo-os numa luta que não é deles, colocando-os a serviço da morte e da destruição. A guerra narrada nesse romance foi tão absurda quantos as reais, mas os personagens, inclusive os que morreram, fizeram uma grande descoberta: são seres humanos e não monstros ou máquinas.

Por que vou lá no fundo da memória e rebusco For Whom the Bell Tolls”? É porque no mundo de hoje, quando a violência nos leva a necessidade de pedir desculpas até a quem pisa em nossos pés, precisamos despertar para a consciência de que somos todos seres humanos, inclusive quem puxa o gatilho.

Feliz Natal para todos e que o badalar dos sinos nos acorde para uma vida melhor e que 2011 seja o ano do começo de uma nova vida e que tenhamos tempo para perceber que precisamos nos transformar em seres humanos melhores.

Fiquem com Deus. Vou descansar, pois também sou filho de Deus. Retorno no dia 5 de janeiro. Até lá!