Concessionária transforma a cidade numa ilha de pedágio e ainda fiscaliza duas entradas de Piabetá
Desde março de 1996 operando em Magé, a Concessionária Rio-Teresópolis (CRT), faria um grande favor ao município se transferisse sua base para bem longe dali. Esse é o pensamento comum de comerciantes e moradores da cidade, que foi transformada numa ilha cercada de pedágios por todos os lados. São três praças – uma principal e duas auxiliares – o que, de acordo com empresários locais, inviabiliza o desenvolvimento econômico, pois se paga pedágio até para o deslocamento de um bairro para o centro da cidade.
Isso está gerando até uma comissão de inquérito na Câmara de Vereadores. A proposta do vereador Álvaro Alencar (PT) é questionar o excesso de pedágio, mas pessoas que se preocupam com a cidade quer mais: defende uma investigação completa sobre o valor que a empresa paga de ISS, sobre o teor do convênio que teria sido assinado pela concessionária e a prefeita Núbia Cozzolino, mas que não teria sido publicado até hoje e sobre o quanto a CRT já teria doado de asfalto à prefeitura, uma vez que essa parceria seria a maior razão desse convênio, mas ninguém acredita que esses questionamentos sejam feitos pela Câmara, pois alguns vereadores torceram o nariz para a proposta de Álvaro, mesmo essa tendo o objetivo limitado na questão do pedágio.
“Não creio que os vereadores irão encostar a CRT na parede. Não pode chegar a lugar algum uma investigação que antes mesmo de ser aprovada teve a intervenção de um diretor da empresa, que chegou a pedir que a comissão, se saísse do papel, fosse presidida por um determinado vereador. Isso aqui é Magé. Na verdade ninguém aqui quer enquadrar a concessionária”, disse um vereador que se posiciona contra a investigação.
Pedágio só atrapalha
Para o autor da proposta de investigação, a concessionária prejudica bastante a cidade. “Acho que esse excesso de postos de cobrança só atrapalha o desenvolvimento de Magé. Minha ideia é esclarecer porque isso acontece em nossa cidade e nenhuma autoridade se levanta contra. Não posso aceitar que um morador de Citrolândia, por exemplo, tenha que pagar pedágio para ir a cidade. Acho que isso pode ser resolvido com a comissão de inquérito”, disse o vereador Álvaro, admitindo que não pensou em questionar o convênio, o ISS e as barreiras feitas nas entradas de Piabetá por supostos funcionários da prefeitura e da CRT, para impedir que motoristas de caminhões cortem caminho e deixem de pagar a cara tarifa cobrada pela concessionária.
Barreiras inconstitucionais
O direito de ir e vir é sagrado. Está garantido pela Constituição a todo cidadão brasileiro livre, mas em Magé - que parece um território independente e com leis próprios - esse direito há muito tempo que não vem sendo dado aos motoristas de caminhões que tentem entrar em Piabetá. É que duas barreiras foram instaladas na altura dos bairros Parque Caçula e Bongaba, onde guardas municipais e funcionários que seriam da CRT ficam fiscalizando tráfego. Se o motorista não provar que está indo fazer entregas no comércio de Piabetá ou que more na cidade, é impedido de entrar.
Esses “postos de fiscalização”, segundo foi alegado na época de suas instalações, seria para evitar que veículos pesados estragasse o asfalto feito pela prefeitura. Entretanto até os vereadores admitem que isso ajuda e muito a evitar que os motoristas cortem caminho e deixem de contribuir para o alto faturamento da CRT.
Os postos de cobrança estão na altura do bairro Bongaba (km 133,5), Santa Guilhermina (km 122) e Santo Aleixo (Km 114). A concessionária começou a operar no dia 22 de março de 1996 e já chegou fechando as saídas de estradas municipais, o que foi aceito pacificamente pelos prefeitos.
A empresa alega que faz trabalhos sociais nas cidades onde opera e que pretende investir US$ 450 milhões durante os 25 anos do contrato de concessão.
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