quinta-feira, 21 de julho de 2011

E não é uma questão de semântica

Quem é o inimigo? O que desvia os recursos destinados a manter uma rede de saúde em condições de atendimento ou o pobre coitado que madruga nas filas para conseguir uma simples consulta e protesta por não consegui-la? Quem é o vilão? Aquele que mete a mão nos recursos públicos ou quem denuncia a roubalheira? Essas perguntas parecem de simples respostas, não é? Deveriam ser, mas isso depende muito do lugar onde são feitas.
O que mais vejo são inimigos públicos reclamando das reações de suas vitimas. Isso é um contra-senso. É como dizer que roubar pode, reclamar do roubo não. A corrupção pode correr solta, a politicalha pode levar os cofres públicos nas costas, mas o pobre contribuinte tem que ficar caladinho. Se ele gritar contra o roubo logo vai aparecer um desses canalhas usando a teoria da conspiração: “Está reclamando por que é oposição”.
Oposição significa ação de opor-se; contraste entre duas coisas contrárias, antítese pela qual se reúnem duas idéias ou duas expressões contraditórias. É lógico que quem reclama do roubo e denuncia essa prática está se opondo ao ladrão. Isso é cristalino, mas parece que a politicalha não sabe disso ou se sabe usa a palavra oposição para tentar desqualificar o reclamante: “Ah, fulano está falando isso porque é oposição”. Queriam o que, que o fulano concordasse (ficasse na situação) vendo a canalhada saqueando tudo?
Deve ser isso mesmo: roubar pode, protestar contra o roubo não, pois dinheiro público não tem dono, né?

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