Uma herança maldita. É isso que terá de administrar um dos cinco candidatos que se registraram na Justiça Eleitoral para disputarem a Prefeitura de Valença. O município terá eleição suplementar no dia 3 de outubro, por conta da cassação do mandato do prefeito Vicente Guedes (PSC), que a julgar pelos comentários de comerciantes e moradores, saiu sem deixar saudade. Guedes, que ficou um ano e meio na Prefeitura, não conseguiu mostrar serviço e é chamado no município de “destruidor do patrimônio público”, pois demoliu o parque de eventos avaliado em R$ 10 milhões e entregou o serviço de água para a Cedae explorar, desagradando toda a população.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foram apresentados os pedidos de registros das candidaturas do prefeito interino Luiz Fernando Graça (coligação (PP/PCdoB/PTB/PV), do ex-prefeito Álvaro Cabral (PR/DEM/PRB), de João Batista Leite da Cruz (PTdoB), Francisco de Paula dos Reis Lima (PSOL), Afonso Maria Diniz (PCB). Quem vencer terá de trabalhar duro e com os pés no chão para gerir uma cidade com cerca de 80 mil pessoas, grande extensão territorial, muitos problemas e poucos recursos financeiros.
Dificuldades
Além de revoltar a cidade com a destruição do parque de eventos e com o convênio firmado com a Cedae que passou a explorar o serviço de água, o ex-prefeito Vicente Guedes deixou de cumprir um acordo firmado com os profissionais de educação, pelo qual se comprometeu a pagar direitos atrasados aos professores. Isso, entretanto, é visto com um problema menor, diante do volume de dívidas deixadas por Guedes, contas que o prefeito interino não terá tempo para quitar que ficarão para o vencedor da eleição suplementar.
De acordo com dados da própria Prefeitura, comprometem as finanças do município dois contratos considerados desnecessários: o da coleta de lixo, firmado com a empresa Locanty e outro com a cooperativa de mão-de-obra Multiprof. A Locanty fatura R$ 290 mil por mês por um serviço que a população considera ter sido melhor quando era feito diretamente pela administração municipal. O contrato com a Multiprof é de R$ 1,1 milhão por mês, por 824 servidores contratados, que recebem em média salário de R$ 600 e não tem qualquer direito trabalhista garantido.
Ainda pesam nas contas uma dívida de R$ 2,4 milhões com a Previdência Social e um gasto extra de R$ 160 mil mensais, dinheiro usado para pagar o consumo de energia elétrica, que deveria ser assumido pela Cedae, que ganhou de graça o direito de explorar comercialmente o serviço de água no município.
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