Dinheiro pode ter sido desviado para fazer fundo de campanha eleitoral para Lindberg Farias
O presidente do Instituto de Previdência do Município de Nova Iguaçu (Previni), Camilo Rodrigues Brás deverá receber, nos próximos dias, ofício do Ministério Público Estadual solicitando informações sobre a situação do órgão que, segundo Camilo afirmou em audiência pública na Câmara de Vereadores, tem um rombo de R$ 400 milhões, volume referente a dívida da Prefeitura com o instituto no período do governo de LIndberg Farias.
Ainda de acordo com Camilo, o Previni tinha R$ 52 milhões em caixa quando o Lindberg assumiu a Prefeitura, o que aconteceu no dia 1º de janeiro de 2005. Além de Camilo, também serão convocados para prestar informações o ex-presidente do instituto, Gustavo Falcão e o ex-secretário de Controle Interno, Ricardo Coelho, que saiu em defesa do ex-prefeito e afirmou que quando Farias assumiu teria encontrado uma dívida de R$ 321 milhões, o que é desmentido por Camilo.
A afirmação de Ricardo foi feita através de e-mail aos vereadores Carlinhos Presidente e Carlos Ferreira, ferrenhos defensores de Lindberg. Entretanto, a revelação está sendo vista apenas como manobra para mudar o foco das investigações, pois o mesmo Ricardo, no ano passado, em audiência na Câmara de Vereadores, chegou a afirmar que não havia dívida alguma na Prefeitura.
“Esses dois vereadores vão fazer de tudo para tumultuar as investigações. Ninguém acredita nas informações passadas por Ricardo, que já esteve nessa Casa e negou a existência de dívidas no governo. Ferreira e Carlinhos querem que a CPI apure a situação do Previni a partir de 1999. Acho que será ótimo, pois ficará comprovado que Ricardo está buscando apenas livrar a cara de Lindberg”, disse um vereador que integrava a bancada de sustentação do petista.
Fundo de Campanha
Para complicar ainda mais a situação do ex-prefeito, o vereador Thiago Portela descobriu recentemente que a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), envolvida no escândalo do mensalão, investiu no Fundo de Previdência de Nova Iguaçu. A informação chegou depois que foi aberta a CPI da Previni. O blog teve acesso a duas atas de reuniões do comando da Bancoop, comprovando a ligação com o Previni
Portela disse que a suspeita é de que o desvio de recursos serviria para alimentar um esquema de caixa dois para o ex-prefeito Lindberg Farias, que é pré-candidato do PT ao Senado pelo Rio de Janeiro. Uma das formas de desviar o dinheiro seria o desconto da parcela nos contracheques dos servidores municipais e o não repasse para o Fundo de Previdência.
O reforço à tese de abastecimento ilícito da campanha do petista está no depoimento prestado pelo corretor Lúcio Funaro, na CPI montada pela Assembleia Legislativa de São Paulo para apurar a fraude na Bancoop. Ele disse aos parlamentares que a corrupção na cooperativa paulista teria, entre outros objetivos, o de bancar a disputa de Lindberg. O dinheiro, segundo Funaro, era repassado para José Dirceu, antes de chegar às mãos do prefeito do PT.
“A partir do momento em que o dinheiro foi investido na Bancoop e o presidente da cooperativa era o senhor Vaccari Neto, então, há a ligação de um grande esquema”, explica o presidente da CPI, Samuel Moreira,
João Vaccari Neto está licenciado da Bancoop e é secretário de Finanças do PT. Thiago Portela diz que é possível a convocação das pessoas envolvidas no esquema e do próprio Lindberg Farias.
Câmara foi conivente
De acordo com uma fonte ligada ao Ministério Público, vereadores e ex-vereadores também poderão ser chamados, pois em nenhum momento, desde que Lindberg foi empossado como prefeito a Câmara se interessou em saber da situação do Previni, mas muito pelo contrário, autorizou LIndberg a usar créditos de mais de R$ 140 milhões do órgão e ainda permitiu que o ex-prefeito empenhasse os repasses para garantir dívidas feitas por ele.
Durante a primeira gestão de LIndberg, período em que o maior volume da dívida foi contraído, eram vereadores Alexandre José Adriano, o Xandrinho, Carlinhos Presidente, Carlos Ferreira, Celso Florêncio, Celso Valentim, Chiquinho da Ambulância, Claudio Cianni, Daniel da Padaria, Diva Bastos, Fernando Cid, Fernando Baiano, José Mineiro, Jorge Marotte, Nagi Almawy, Marivaldo Amorim, Marcos Ribeiro, Marcos Rocha, Marcos Fernandes, Maurício Moraes, Fausto Azevedo e Rosangela Gomes. Apenas Celso Valentim e Marcos Ribeiro votaram contra os atos que comprometeram ainda mais a previdência dos servidores.
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