sábado, 5 de novembro de 2011

Não chamem o doutor!

Médico, prefeito de Resende faz firula na TV, mas deixa cidadãos morrerem sem socorro

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) construída pelo governo estadual na região da Grande Alegria, em Resende, é somente uma da obras executadas pela administração estadual no município que estão ganhando destaque nas propagandas de televisão veiculadas pelo prefeito José Rechuan Junior, que vem pegando carona nas obras do estado, enquanto a realidade da saúde administrada por ele mostra um quadro assustador.
A vítima mais recente do descaso na saúde é uma jovem de 25 anos, morta na semana passada, na localidade de Engenheiro Passos. Isso aconteceu na última terça-feira, Dia de Todos os Santos. Daiane de Oliveira Faria Lamin procurou atendimento médico no posto de saúde local, onde a médica teria suspeitado de trombose. Mesmo com a ambulância estacionada em frente à unidade, pronta para levá-la para o Hospital de Emergência, a jovem teria sido mandada de volta para casa para buscar documentos. O tempo precioso perdido por Daiane durante o trajeto tirou a vida dela. A jovem foi encontrada morta horas depois e isso mostrou a verdadeira face do governo municipal, preocupado em fazer firula na televisão, enquanto famílias inteiras sofrem pela morte de entes queridos, vítimas de negligencia médica, como Daiane.
Os moradores de Engenheiro Passos estão indignados com a qualidade no atendimento do posto de saúde local. Daiane foi atendida na unidade na tarde de terça-feira, 1º de novembro, sentindo dores nas pernas. De acordo com os moradores, outros pacientes já faleceram depois de terem sido atendidos no posto. “Sempre morre gente aqui nesse posto”, disse uma das moradoras entre a aglomeração de pessoas em frente ao posto. “Ela veio trocar a calça jeans que estava apertada e buscar os documentos porque a Dra. Pâmela suspeitou de trombose  e ia encaminhá-la para o Hospital de Emergência. A ambulância estava até esperando na porta do posto. Ela foi ao posto de bicicleta e voltou em casa para guardar a bicicleta também. Só reclamou de dores nas pernas”, relatou a sogra de Daiane, Ângela Maria da Silva Lamin.

Revolta na localidade
Vários moradores do distrito reclamaram do atendimento na unidade e desabafaram sobre outros casos de suspeita de negligência médica. “Faz uma semana que um senhor de idade chegou a ser atendido no posto com pressão alta e morreu em seguida. Há outros casos também. Sempre morre gente aqui, está tudo largado” reivindicou a moradora Irinéia dos Santos Lázaro. Thiago de Freitas, morador há 16 anos do distrito, disse que aconteceu o mesmo com o seu pai há um ano. “Meu pai passou mal em casa e ligamos para o posto. A ambulância não estava no posto, arrumamos um carro e levamos ele. Chegando na unidade a enfermeira que atendeu porque não tinha médico. Ao atender ele, ela disse que não podia fazer nada. Decidimos levá-lo para o hospital de Queluz (SP) que é mais perto, mas meu pai não resistiu e morreu no caminho” revelou o jovem.
A diarista Francine Monteiro Farias, 17 anos, nascida em Engenheiro Passos, conta que sempre teve problemas no posto e listou alguns deles: “É preciso chegar 5 horas da manhã para marcar consulta, os médicos chegam 8h30 e querem atender às10h. Param o atendimento às15h sendo que o horário de fechar o posto é 16h30. E além disso, a ambulância fica estacionada em outro bairro porque o motorista fica na casa da namorada ao invés de ficar em frente ao posto” desabafou a moradora.
A dona de casa Maria de Fátima Deus conta que teve problemas momentos antes do caso de Daiane. “Hoje (terça-feira, 1º) cheguei no posto 5h30 da manhã para marcar consulta, marquei, e depois quando voltei colocaram gente na minha frente. Meu filho queimando de febre e tive que ficar esperando. A verdade é que está uma porcaria esse posto” criticou Maria de Fátima que mora há 22 anos no distrito.

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