Secretaria de Saúde só quer amortizar dívida de quem continuar fornecendo.
Algumas empresas estão em sérias dificuldades
Embora esteja devendo pelo menos R$ 20 milhões a fornecedores de medicamentos, materiais de consumo e alimentação para o setor de Saúde, as pessoas que comandam o município de Nova Iguaçu não tem o mínimo de respeito pelas empresas as quais deixaram em dificuldades, provocando até mesmo a falência de algumas, através do calote oficial instituído na cidade desde que o PT assumiu a prefeitura, em janeiro de 2005, através do prefeito Lindberg Farias, cuja gestão, de acordo com estimativas, deve mais de R$ 500 milhões.
É o que ficou claro durante depoimento prestado na Câmara de Vereadores, no dia 12 de agosto, pelo secretário adjunto e responsável pela administração dos recursos da Secretaria Municipal de Saúde, Carlos Alberto Laranjeira, conhecido como Coronel Laranjeira. O blog teve acesso ao depoimento prestado a portas fechadas, a um grupo de vereadores, entre eles Marli de Freitas, que comandou a Saúde durante um ano e meio e saiu deixando para trás várias denúncias de irregularidades, pelo menos um inquérito na Polícia Federal e uma volumosa dívida. Laranjeira afirmou, ao ser questionado sobre a dívida com fornecedores, que só estão recebendo parcelas atrasadas as empresas que concordarem em continuar fornecendo.
O descaso da administração municipal ficou evidente quando o secretário adjunto falou sobre a empresa Real Paladar, que até abril deste ano era responsável pelo fornecimento de refeições para a rede municipal de Saúde. Laranjeira afirmou que a empresa foi substituída e deixou de receber porque cortou o fornecimento no dia 30 de abril.
“Esse senhor (o dono da Real Paladar) chegou chorando, lamentando, sofrido, com aquela conversa que a gente ouve sempre”, disse o coronel referindo-se a uma empresa a qual a Secretaria de Saúde deve mais de R$ 800 mil e que só cortou o fornecimento porque não tinha mais como manter o serviço sem receber.
“Fui procurado por esse senhor em fevereiro e disse a ele que não poderia assumir o sofrimento dele, mas que iria ver o que poderia fazer. Paguei uma parcela de R$ 130 mil e depois outra do mesmo valor, mas em meados de abril fui outra vez procurado por ele, que me disse que estava falindo. No fim do mês ele cortou o fornecimento”, emendou o coronel, como se o dono da empresa estivesse errado em cobrar o que o município lhe deve.
De acordo com uma fonte ligada à Secretaria Municipal de Saúde, os fornecedores não recebem porque o prefeito Lindberg Farias não está aplicando o mínimo de 15% da receita própria, definido como obrigatório por Le para a setor de Saúde.
Clínicas conveniadas ainda em atraso
Embora, todos os meses, o governo federal, através do Sistema Único de Saúde (SUS) repasse recursos específicos para pagar os serviços prestados por clínicas e laboratórios conveniados, 37 unidades estão passando por sérias dificuldades, situação que vem se arrastando desde 2005, mas que piorou muito em 2007, quando um termo de ajuste de conduta foi firmado entre a Secretaria de Saúde e os conveniados, mas que, segundo reclamam representantes das unidades, “não vem sendo cumprido como deveria”.
Algumas clínicas ainda não receberam a fatura do mês de novembro e o último pagamento recebido é referente ao serviço prestado em abril deste ano. “O pagamento das conveniadas está em dia na nossa gestão”, completou Laranjeiras, esquecendo que a dívida não é do secretário, mas do governo e tem de ser paga independente de quem esteja no controle do setor.
O calote da Secretaria Municipal de Saúde provocou, inclusive, o fechamento do Hospital Iguaçu, controlado pela Associação de Caridade Iguaçu, uma instituição histórica, que tem sido tratada com total desrespeito pelo governo municipal. A unidade, que foi inaugurada no dia 31 de março de 1935, pelo prefeito Arruda Negreiros, era a principal maternidade da cidade, mas hoje funciona com menos de 10% da capacidade de atendimento, por conta do atraso nos pagamentos.
Arquivo/Correio da Lavoura
O Hospital Iguaçu foi construído com os esforços da população e inaugurado no dia 31 de março de 1935. Hoje sofre com o descaso de uma administração pública inconseqente
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