segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CPI vai apurar distribuição de casas em Itaguaí


Vereadores  decidem encostar o prefeito na parede. Moradias teriam sido entregues a moradores de fora do município

Há seis anos voando em céu de brigadeiro, fazendo o que bem entende, sem se preocupar em dar satisfações à população e à Câmara de Vereadores, a qual tem sonegado informações sobre os gastos da Prefeitura – a maioria sem licitação e em contratos vistos como superfaturados e respondido com deboche quando questionado -, o prefeito de Itaguaí, Carlos Busatto Júnior, o Charlinho, vai enfrentar a primeira CPI de sua história no município.
É que os vereadores decidiram formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar supostas irregularidades na distribuição das casas dos conjuntos residenciais Esmeralda, Turmalina e Topázio, construídos em parceria com a Caixa Econômica Federal. A Câmara recebeu denúncias de que algumas unidades teriam sido entregues a moradores de cidades vizinhas, com a Prefeitura preterindo famílias carentes da própria localidade.
A CPI será integrada pelos vereadores Carlos Kifer, Luis Roberto de Jesus, o Beto da Reta e Nisan Cesar, tendo como suplentes Luiz Antonio Vieira Coelho, o Toni Coelho e Lenilson Rangel. A comissão tem um prazo de 90 dias para apurar as denúncias, ouvindo famílias contempladas, as que foram ignoradas pela Prefeitura, além dos responsáveis pelo cadastro e pela distribuição das casas.

Descaso e violência
Conforme a Tribuna da Região já noticiou, um clima de medo e tensão paira sobre os conjuntos habitacionais Topázio, Esmeralda e Turmalina, na Gleba B, em Chaperó, desde o dia 23 de dezembro do ano passado. Nessa localidade, numa área particular tomada pela Prefeitura de Itaguaí, a Caixa Econômica Federal construiu 189 precárias moradias e o prefeito se encarregou de distribuí-las.
De acordo com alguns membros da comunidade, muitos dos contemplados seriam moradores de outros municípios, o que deixou de fora pelo menos 75 famílias cadastradas, que acabaram ocupando parte dos imóveis. Depois de muitas ameaças e intimidações, os ocupantes, chamados de invasores pelo prefeito, foram expulsos das casas pela Polícia Militar, que chegou a lançar bombas de gás e spray de pimenta sobre as famílias, ignorando a presença de crianças e mulheres grávidas.
“O aconteceu aqui é uma grande injustiça. Todos nós estamos cadastrados e precisamos dessas casas para abrigar nossas famílias. Não é justo que essas pessoas sejam expulsas daqui e quem não precisa ganhe as moradias. Nosso movimento é pacífico. Não tiramos ninguém de casa para entrar. Ocupamos as casas vazias e elas estavam abertas quando chegamos. Essas pessoas não têm para onde ir”, destacou Willian de Oliveira, porta-voz das famílias, todas muito pobres, mas que concordam em pagar as prestações à Caixa Econômica Federal. Willian fez essas declarações no dia 7 de janeiro e uma semana depois as 75 famílias foram retiradas a força das casas.

Propriedade questionada
Se o prefeito Carlos Busatto chama de invasores as 75 famílias carentes que mandou cadastrar e depois ignorou na distribuição das moradias, o mesmo pode ser dito em relação a ele. Charlinho tomou de uma viúva a área usada pela Prefeitura para descartar o lixo recolhido na cidade e a o próprio terreno onde foram construídas as casas de Chaperó é de propriedade particular e não da Prefeitura, mas mesmo assim foi firmado o convênio para que a Caixa Econômica Federal construísse as moradias. Para que isso acontecesse o prefeito deveria ter emitido um decreto de desapropriação do terreno e pago o valor da área ao proprietário, para só então entregá-lo à Caixa para as obras serem iniciadas. 

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