terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Cá onde mora a esperança (inspirado numa mensagem de Magé)

Quando acordamos pela manhã e nos preparamos par ir ao trabalho, à escola, à faculdade, mesmo que muitos ainda não tenham refletido sobre isso, estamos sendo impelidos pela esperança. Todos nós nos movimentamos assim. Faz parte do dia-a-dia. Não importa o que seja, estamos esperando sempre. Uns esperam pela colheita dos frutos do que se plantou, outros simplesmente a hora de voltar para casa, rotina dos que não enxergam além do próprio nariz, mas até esses esperam por alguma coisa.
Esperança é muito mais que o ato de esperar, vai além de ser uma das virtudes teologais. É mais que acreditar na obtenção de resultados positivos na vida pessoal ou profissional e se torna ainda mais que isso na medida em que a exercitamos com outra palavra: perseverança. A esperança deve fixar morada cá em nosso peito, enquanto que a perseverança, adicionada à constância, à firmeza e à pertinácia, deve se fazer presente em nossos atos e manifestações cotidianas.
Por que escrevo isso? O faço inspirado numa mensagem que recebi hoje à tarde de uma professora. Ela me fala que foi demitida pela Prefeitura de Magé no dia 3 de janeiro. Tem contas para pagar e que os quase R$ 900 que recebia até dezembro do ano passado vão lhe fazer uma falta danada, mas que não vai mais se humilhar, “ficar correndo atrás de vereador” e se submetendo a ordem de “estranhos nos ninhos”, os coordenadores dos postos do Programa Saúde da Família (PSF), “os verdadeiros diretores das escolas da rede municipal de Magé”.
“Caro jornalista, não tenho mais que passar por isso. Perdi o emprego, mas isso não vai me abater. Vou me preparar o suficiente para enfrentar todos os concursos públicos que vierem, mas essa gente nunca mais vai pisar em mim. Semana passada fui a uma reunião e como os submissos falaram mal de você. Eu e minhas colegas ouvimos quietinhas e ai percebemos o quanto seu trabalho é importante. Você incomoda demais a essa gente e percebemos que o que falam é encomendado. Parecem papagaios repetindo aquilo que os donos lhes ensinam a falar. O pior (para eles) é que você os encara de frente. Eles ficam furiosos. Esses Cozzolinos, Elizeu, te odeiam. Muito obrigado por você existir, por nos devolver a esperança que perdíamos no final de cada dia de trabalho por conta das intromissões dos coordenadores dos PSFs numa área que deveria ser de educadores e não de cabos eleitorais”.
Foi o que me escreveu uma professora de 31 anos, que aqui vou chamar de Esperança.


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