Atuação do patrulheiro Marcelo Lessa na Secretaria de Transporte de Nova Iguaçu deverá ser apurada
O Ministério Público Estadual deverá abrir procedimento investigativo para apurar a atuação do policial rodoviário federal Marcelo Lessa no governo Lindberg Farias, onde ele atuou como assessor especial, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Nova Iguaçu (Codeni) e secretário de Transportes. Marcelo, que era o terceiro na hierarquia da PRF no Rio, foi denunciado pela Procuradoria da República depois que investigação da Polícia Federal apontou para o envolvimento dele e de outros policiais rodoviários em um esquema de corrupção para liberação de veículos em situação irregular apreendidos na Rodovia Presidente Dutra, a partir do posto da Pavuna.
De acordo com uma fonte, o que o MP quer saber é se Lessa, como secretário de Transportes, beneficiou alguma empresa de ônibus, uma vez que pelo menos uma das três viações mencionadas na investigação sobre no esquema chegou a explorar linhas municipais, recebendo da Secretaria Municipal de Transportes os itinerários que eram explorados pela empresa Elmar.
Ainda de acordo com a investigação da Polícia Federal que resultou na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, a quadrilha receberia propinas de empresas de ônibus, entre elas a Rubanil, Transmil e Tinguá, em troca de uma espécie de salvo conduto na Via Dutra. Lessa e sua esposa, Camila Fernanda, tiveram o seqüestro dos bens autorizado pela Justiça Federal. Camila é apontada como “laranja” do marido na empresa Auto Shopping Dutra Locação e Venda de Veículos.
Fins eleitorais
No caso do esquema levado à Justiça Federal, as ações teriam fins eleitorais. O MPF denunciou dez pessoas e todas elas tiveram a prisão decretada, mas Lessa conseguiu escapar. Ele, que é candidato a deputado federal pelo PR, de acordo com as investigações, seria o principal envolvido no caso. A Polícia Federal apurou que, além de ônibus irregulares, veículos sem condições de trafegar ou com licenciamento atrasado que tinham adesivos de Marcelo Lessa eram liberados pela fiscalização da PRF.
De acordo com a denúncia feita à Justiça pelo Ministério Público Federal, o superintendente da PRF, Carlos Hamilton Pinheiro; o chefe de policiamento de investigação, Eugênio Nemirovsky e o corregedor regional Cristiano Morais da Silva, valiam-se de seus cargos para acobertar a atuação política e os crimes atribuídos a Marcelo Lessa. Os procuradores afirmam na denúncia que, "havia o nítido propósito de contribuir para a eleição de Lessa, visando benefícios futuros na corporação".
Transmil ficou com as linhas da Elmar
Citada na investigação como uma das empresas que pagariam propina ao grupo de Lessa, a Transmil foi beneficiada, em julho de 2008, por um ato administrativo da Secretaria Municipal de Transporte, apontado na época como irregular: a transferência das linhas que eram exploradas pela Viação Elmar para as empresas Linave e Transmil.
Alegando que a Elmar não tinha mais condições de operar, no dia 28 de julho de 2008 o prefeito Lindberg Farias assinou um decreto transferindo para as duas empresas as linhas Nova Iguaçu/Rio D”Ouro (Via Adrianópolis) e Nova Iguaçu/Adrianópolis (Via Furnas), Nova Iguaçu-Corumbá, Nova Iguaçu-Tinguá e Nova Iguaçu-Vila de Cava. Um ano depois a Transmil deixou as linhas que lhe couberam nesse decreto e os itinerários passaram a ser cobertos pelas empresas São José e Salutran.
Ao tirar as linhas da Elmar e repassá-las a outras duas empresas, o prefeito afirmou que a medida fora tomada em caráter provisório e que o decreto valeria enquanto não fosse feita uma nova licitação para escolher as empresas de ônibus que ficariam responsáveis por elas. No ano passado, na gestão de Antonio Duarte Araújo, o Tuninho da padaria, na Secretaria de Transportes, as linhas que cabiam a Transmil passaram para a São José e Salutran sem que a licitação fosse feita.
Administrador assassinado
Ligado ao conselheiro do Tribunal de Contas do estado, Aluizio Gama e assessor da então vice-prefeita Sheila Gama, o empresário Luis Carlos Duarte Batista, o Carlinhos da Tinguá, de 67 anos, ajudava na administração da empresa Transmil quando a empresa recebeu parte das linhas que pertenciam a Elmar. Ele foi assassinado no dia 19 de março de 2009, numa manhã de quinta-feira.
Carlinhos trafegava pela Via-Light, no centro de Nova Iguaçu e ao parar num sinal de trânsito foi executado por homens numa motocicleta, que pararam ao lado e dispararam dois tiros no rosto do empresário, que era muito querido na cidade e muito respeitado por não compactuar com irregularidades.
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