segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ladrão é ladrão. E o resto?

O infeliz que pula o muro para pegar as roupas que o vizinho deixou estendidas à noite, é chamado de ladrão. Aquele que invadiu o galinheiro alheio em busca de uma galinha para o almoço de domingo também, assim como o mais audaz, que forma um bando e assalta um banco.

Tenho 28 anos de pleno exercício da profissão de jornalista e muita história para contar. Viajei bastante Brasil a fora e conheço político de todo tipo. Desde aquele que passa a vida inteira pregando honestidade ao que tenta se justificar disparando um “ninguém é santo” quando pego no contrapé.

O Ministério da Cultura decidiu que pedirá ao Tribunal de Contas da União (TCU) tomada de contas especial para apurar indícios de desvio de dinheiro público pelo Instituto Mirante, ONG presidida por Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney. Apurou-se até agora que a entidade teria usado de forma irregular R$ 220 mil, captados junto à estatal Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), com base na Lei Rouanet.

Do total, R$ 116 mil foram parar nas contas de empresas e outras ONGs ligadas à família Sarney. A TV Mirante, por exemplo, a maior empresa da família, ficou com R$ 67 mil e R$ 49 foram repassados a Rádio Mirante e a Gráfica Escolar, também ligadas ao grupo e mais a Associação dos Bons Amigos das Mercês, dirigida pelos Sarney. Não quero aqui dizer que esses Sarney não sejam honestos. Os coloco entre aqueles que soltam um “ninguém é santo” de vez em quando.

A coisa mais difícil hoje é uma empresa de fora do “esquema” conseguir vencer uma licitação, por mais simples que seja, numa prefeitura qualquer. Em algumas cidades ose desconhecidos não conseguem nem cadastrar suas empresas, quanto mais adquirir um edital de licitação. Sabem por quê? É porque o “esquema” é fechado antes mesmo da posse do prefeito e os membros do “esquema” são os grandes aliados, os que vão sustentar os extras. Isso é roubo, minha gente, mas os membros desse “esquema” são chamados respeitosamente de “gestores” e “empresários”.

Para mim, quem bota mais algum (eles chamam de gordurinha) sobre o preço do remédio, da merenda escolar, da coleta de lixo, das obras públicas, enfim, dos serviços contratados para ter garantido uma comissão de 10%, 20%, 30%, é ladrão e merece ser tratado como tal.

Em minha opinião também são desonestos aqueles vereadores que fazem de seus mandatos um negócio, cobrando dos prefeitos para não fiscalizá-los. Não é honesto comprar um caminhão, registrá-lo em nome de um “laranja” para alugá-lo para a prefeitura. Na Baixada Fluminense está cheio disso. Tem vereador com verdadeiras frotas de caminhões e máquinas, todas alugadas para prefeituras. Fatura no aluguel e economiza no salário dos motoristas e operadores, pois muitas das vezes esses são funcionários públicos.

Isso é desonestidade, senhores. Gostem vocês ou não.




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