Com instalações melhores, unidades municipais levam vantagem
e ainda fazem sorteio para atrair matrículas
“Faça sua matrícula e concorra a uma bicicleta”. O que parece ser publicidade de um colégio particular é a campanha adotada pela Secretaria de Educação de Magé para atrair cada vez mais alunos para sua rede de ensino, que vem experimentando grande crescimento desde 2007, quando o volume de repasses de verbas federais para o setor chegou a triplicar. No ano passado Magé recebeu R$ 796.984,50 do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e este ano, até o último dia 5, o repasse do mesmo programa chegou ao total de R$ 2.797.857,82, muito mais que o volume destinado aos municípios de Niterói e Campos, cidades com quase o dobro do número de habitantes de Magé. O volume de recursos do PDDE é definido com base no número de alunos matriculados, bem como o repasse do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que também tem aumentado.
Com 27 novas escolas construídas nos últimos quatro anos, a rede municipal ensino de Magé está oferecendo hoje instalações muito melhores que a rede estadual, o que tem levado muitos pais a transferirem seus filhos para as escolas municipais. “Hoje, pelo que temos sido informados, a Secretaria Municipal de Educação só não está aceitando estudantes que estejam há mais de dois anos na mesma série. Não podemos negar que a rede da prefeitura é muito melhor e está tirando a nossa clientela, mas percebemos que existe um grande interesse em aumentar o número de matrículas para obter cada vez mais recursos federais, o que não é nenhuma garantia de melhora na qualidade do ensino ministrado”, revela a diretora de uma escola estadual.
Ciep vazio
Funcionando na localidade de Surui – uma das mais carentes do município - o Ciep 327, denominado Pedro Américo, foi construído para atender, confortavelmente, pelo menos mil alunos, mas nunca chegou a atingir sua capacidade máxima. Atualmente, apesar de bem aparelhado e com um corpo docente preparado e dedicado, enfrenta o maior esvaziamento de sua história, contando com cerca de 170 estudantes matriculados. Junto com o esvaziamento das salas, vem a falta de recursos financeiros, pois os repasses são feitos com base no número de estudantes. Atualmente as escolas estaduais recebem apenas o equivalente a R$ 0,35/dia por aluno, para garantir três refeições aos estudantes, o que no caso do Ciep de Surui chega a uma média de R$ 60 por dia.
Enquanto na maioria das cidades as escolas estaduais não vão oferecer novas vagas em 2010, as unidades de Magé estão com salas de aulas, carteiras e professores sobrando. No caso dos profissionais, eles são emprestados para outras unidades, para que os estudantes não sejam prejudicados.
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