Acabo de receber a carta que Henrique Johnson Buarque enviou ao prefeito de Nova Iguaçu RJ) Lindberg Farias (PT) pedindo exoneração do cargo de secretário municipal de Saúde. Pelo que li (vocês vão constatar isso), o homem estava a fim de trabalhar e não conseguia. Pediu o boné porque, por exemplo, não conseguia por a casa em ordem nem apurar as denúncias relativas ao péssimo funcionamento do Hospital da Posse.
Ele foi o quinto titular da pasta da gestão petista em Nova Iguaçu, que já torrou cerca de R$ 380 milhões destinados ao setor e a Saúde no município continua na UTI. O Tribunal de Contas já provou que mais da metade dos recursos foram gastos sem licitação, mas deverá ficar só nisso, porque um dos conselheiros da Corte, Aluizio Gama – que comanda, por trás das cortinas – o PDT, costurou um acordo e o partido vai ocupar dois espaços importantes no governo Lindberg: um assessor de Gama, Carlos Batista, o Carlinhos da Tinguá comandará a Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlurb) e a esposa do conselheiro, a deputada estadual Sheila Gama controlará a secretaria de Transporte, indicando um de seus assessores para lá.
Será que a sociedade pode esperar uma posição isenta do Tribunal de Contas depois disso?
Na íntegra, a carta com o pedido de exoneração
“Fui convidado para o exercício do cargo de Secretário Municipal de Saúde no dia 22 de janeiro de 2008 e aceitei o desafio. Ao longo dos últimos 46 (quarenta e seis) dias realizei várias ações para alcançar o efetivo controle sobre os gastos da secretaria, com resultados.
1. Importa destacar que este cargo comissionado na Secretaria de Saúde foi ocupado por convite. Em nenhum momento, em nenhuma ocasião, solicitei, pedi ou sugeri minha nomeação para o cargo mencionado ou qualquer outro.
2. Também quero destacar que esse pedido de exoneração agora formulado, não possui nenhum caráter pessoal em relação à V. Exa.
3. Apesar das divergências no entendimento e trato de inúmeros assuntos, sou testemunha da abnegação e do espírito público determinante em V.Exa., na condução dos destinos da Prefeitura .
4. Declaro, inclusive, que em várias ocasiões, nos mais controversos temas das relações político-administrativas, próprias dos bastidores do exercício de nossas funções, recebi de V. Exa. importantíssimo apoio e solidariedade, decididamente não merecidos.
5. No entanto, vejo-me impossibilitado para tomar as medidas necessárias ao bom andamento da Secretária cujos processos de nomeações e portarias estão parados na Chefia do Gabinete do Prefeito.
6. Impossibilitado também, de agir contra as denúncias recebidas pela Ouvidoria da Secretaria de Saúde referente ao mau atendimento do Hospital da Posse.
7. Com estes gravames, o trabalho da secretaria fica inviável, o que não corresponde com nossos objetivos determinados à época do convite para o exercício.
CONCLUSÃO
Assim, diante de todo o exposto, tenho vivido uma crescente inquietação e incômodo, em participar ou colaborar, de alguma forma, em especial por ocupar o cargo de Secretário Municipal de Saúde, de uma condução governamental e administrativa, cujos equívocos em relação à Saúde, não são enfrentados na forma possível.
Isto posto, solicito a V. Exa., determinar a expedição do ato administrativo próprio que importe na exoneração da minha pessoa do cargo comissionado de Secretário Municipal de Saúde da Cidade de Nova Iguaçu.
Adianto, por conveniente, que os termos deste pedido serão: a) Entregue cópia ao Procurador Geral do Município; b) Cópia ao Conselho Municipal de Saúde do qual sou Presidente e c) A Chefe de Gabinete do Prefeito.
Nova Iguaçu, 19 de março de 2008.
Henrique Johnson Buarque
Secretário Municipal de Saúde”
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