terça-feira, 23 de março de 2010

Herança maldita em Nova Iguaçu

Sheila Gama vai assumir uma prefeitura falida, com receitas penhoradas, obras paradas e dívida gigantesca

Depois de cinco anos e três meses de uma administração considerada “desastrosa”, marcada por denúncias de corrupção, muitos escândalos e mais de 600 processos judiciais, inquéritos civis, criminais e procedimentos investigativos, o prefeito Lindberg Farias (PT) deverá deixar o governo dia 31, passando o “abacaxi” para a vice-prefeita Sheila Gama (PDT), que encontrará muitas dificuldades pela frente.

“Ele (Lindberg) está saindo pela porta da frente, mas poderia ter sido cassado há muito tempo. Isso só não aconteceu por causa da cumplicidade da Câmara de Vereadores e por conta da proteção do governo federal”, avalia um membro do Conselho Municipal de Saúde, órgão que tem encontrado dificuldades para fiscalizar as ações do governo e acaba de rejeitar as contas do setor.

Apesar da intensa propaganda oficial e da pose de estrela que faz diante das câmeras de televisão para falar de projetos que só ele e sua equipe de governo vêem, Lindberg Farias sai deixando para trás um enorme rastro de destruição. Bairros inteiros foram esburacados a pretexto das grandes obras anunciadas, postos de saúde e escolas foram destruídos sob o argumento de reformas que se arrastam há mais de três anos. Um dos grandes projetos da gestão de Farias, a duplicação do Viaduto da Posse era para ter sido concluída em dezembro de 2008. Mais de R$ 10 milhões já foram gastos e as obras só serão concluídas agora porque o governo estadual resolveu agir, liberando R$ 32 milhões para a conclusão das obras paradas.

ONG vai ficar com o Hospital da Posse

Durante a campanha eleitoral de 2004 o prefeito Lindberg Farias dizia que o Hospital Geral Dr. Mário Guimarães, o Hospital da Posse, não funcionava por causa da corrupção, porque dinheiro suficiente havia para mantê-lo funcionando e muito bem. Hoje, cinco anos e três meses após a posse de Lindberg, o hospital está em situação ainda pior e as denúncias de corrupção aumentaram ainda mais. O que ele prometeu que seria unidade modelo no estado, depois da gestão de vários diretores e de sete secretários de Saúde, está sendo entregue essa semana a uma organização não-governamental sediada em Volta Redonda, onde atua a terceira secretária de Saúde do governo Lindberg, Sueli Pinto.

O caos na rede municipal de Saúde é apenas uma parte da herança maldita que será deixada para a futura prefeita, que receberá uma administração com os repasses dos royalties e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), penhorados para pagamento de dívidas, frutos de empréstimos bancários fetos por Lindberg.


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