Capital do petróleo recebeu cerca de R$ 2 bilhões de royalties nos últimos cinco anos, mas um cinturão de pobreza cerca a cidade
Embora registre o oitavo maior PIB do Brasil e esteja entre as dez cidades mais ricas do Brasil, Macaé pode ser chamado de “pobre município rico”, tal a precariedade em que vive boa parte dos cerca de 200 mil habitantes, por conta do mau aproveitamento dos recursos, principalmente dos royalties do petróleo, que, segundo informa o governo municipal, representam 40% da receita da prefeitura. Apesar do grande volume de dinheiro, o município pouco oferece aos moradores, principalmente aos habitantes dos bairros periféricos, que indagam e não ouvem a resposta: “Para onde está indo o dinheiro dos royalties?”
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 23% da área urbana da cidade é composta de favela e 30% da população vive sem rede de esgoto e água potável nas torneiras, o que para o pesquisador Hermes Tavares significa dizer que o dinheiro vem sendo mal aplicado. “De janeiro de 2005 a dezembro do ano passado Macaé recebeu cerca de R$ 2 bilhões de royalties do petróleo. É dinheiro suficiente para mudar qualquer quadro numa cidade do tamanho de Macaé. O que constatamos é que o poder público investiu muito pouco nas áreas ocupadas desordenadamente. É pobreza demais para um município tão rico”, afirma o pesquisador.
Segundo registros do site Portal da Transparência, no período citado por Hermes o município recebeu exatos R$ 1.912.832.594,48. Foram R$ 349.125.375,88 em 2005, R$ 413.421.114,27 em 2006, R$ 349.298.831,23 em 2007, R$ 506.136.388,53 em 2008 e R$ 294.900,819,57 em 2009. Para o sociólogo Maurício Castelano, se esses quase R$ 2 milhões tivessem sido mais bem aplicados pela prefeitura, a situação estaria muito melhor.
Para o professor Jaime Costa Barros, que desde 2003 acompanha a distribuição dos royalties do petróleo e a destinação dada a esses recursos pelos municípios que recebem o maior volume de dinheiro, Macaé é a cidade fluminense que menos retorno dá à população em termos de realizações. “Estive em Macaé na primeira semana de janeiro e o que vi me deixou alarmado. Deparei com muitas obras interrompidas, com a favelização de áreas fáceis de serem urbanizadas e basta uma simples chuva para as ruas ficarem alagadas. Acho que os gestores dos recursos públicos em Macaé precisam repensar o modo como estão conduzindo as coisas por lá”, sugere Jaime
A capital do desperdício
Os políticos locais costumam estufar o peito para dizerem que Macaé é a capital do petróleo, mas os benefícios dessa riqueza não contemplam a todos, pois o maior volume tem sido usado para financiar o custeio de uma administração inflada de cargos de confiança, cerca de cinco mil somente na gestão do prefeito Riverton Mussi, sobrinho do ex-prefeito Silvio Lopes que ergueu numa das entradas da cidade um monumento ao petróleo, batizado de “Chama do Petróleo”, que pelo alto custo e pela falta de utilidade foi batizado de monumento ao desperdício e a vaidade humana, pois na escultura arquitetônica foi afixado um enorme esse vermelho.
No entender do vereador Danilo Funke, o município está dando um mau exemplo em se tratando da aplicação do dinheiro dos royalties do petróleo. O vereador tem criticado bastante o fato de o prefeito Riverton Mussi não dar a destinação correta aos bilhões que recebe. Funke apresentou um projeto de lei para que a prefeitura dê mais transparência aos gastos do dinheiro público.
Em Macaé, o que deveria ser investido em obras e na urbanização das favelas é gasto na promoção do governo, na produção de shows de artistas que chegam a cobrar até R$ 200 mil por apresentação.
0 comentários:
Postar um comentário