Vereador acusado de estupro é eleito presidente da Câmara no Dia Internacional da Mulher
Uma manobra do presidente da Câmara de Vereadores de Porto Real, Jayme da Silva Pereira, que antecipou em nove meses a eleição para composição da Mesa Diretora da Casa, beneficiou diretamente o vereador Heitor Silvestre da Silva, o Heitor da HM, que, na noite de segunda-feira foi eleito para substituir Jayme no comando do Poder Legislativo a partir do dia 1º de janeiro de 2011, ficando o atual presidente com a vice-presidência.
A eleição de Heitor foi recebida como afronta pelas mulheres da cidade, pois ocorreu na data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher e ele responde a processo no Tribunal de Justiça pelos crimes de seqüestro, cárcere privado, lesão corporal, ameaça e estupro, contra uma jovem de 24 anos, violência que, segundo foi apurado pelo Ministério Público e denunciada ao Tribunal de Justiça,ocorrera na noite de 19 de julho do ano passado.
O vereador Heitor Silvestre foi submetido a exame de insanidade mental, dia 7 de dezembro, no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho, por decisão da desembargadora Gizelda Leitão Teixeira, que acatou denúncia da Procuradoria-Geral de Justiça. O exame foi necessário para comprovar se Heitor está mesmo sofrendo de insanidade, conforme alegou seu advogado, Douglas Carreiro Dutra, que acabou nomeado pela desembargadora como curador do acusado.
A vítima contou em depoimento que Heitor Silvestre invadiu sua casa, a levou para um terreno baldio nos arredores da cidade, onde a teria espancado. Depois ela teria sido levada para um motel em Resende onde teria passado a noite sendo obrigada por ele a fazer sexo. Apesar de ter alegado insanidade o vereador tem participado das sessões, votando matérias importantes. Durante a votação que definiu a formação da Mesa Diretora para o biênio 2011/2012 os vereadores foram vaiados pelas mulheres que assistiram a sessão e saíram da Câmara revoltadas com a postura dos vereadores Jayme Pereira da Silva, João de Sousa, Luiz Fernando Graciani e Rafael Carvalho Lima, que montaram a base de sustentação para que Heitor fosse eleito presidente.
“Já estava previsto. Como a gente sabe, existe uma coligação e dessa coligação a gente espera tudo, só que eu não vou desistir. Se depender da Justiça, de mim, da minha família a gente vai tirar ele dai. Isso é uma afronta até mesmo para Porto Real, porque as mulheres não esperavam por isso”, afirmou Maria Aparecida, mãe da vítima.
Para Sonja Holanda, moradora do bairro Jardim das Acácias, os vereadores “avacalharam” as mulheres de Porto Real. “Vim para a Câmara porque me falaram que iam fazer uma homenagem para as mulheres”, completou. Já Kátia Cristina de Oliveira, do bairro São José, ficou indignada. “Eu acho que se ele fosse pobre já estaria preso, como ele tem dinheiro... Será que é isso que está deixando ele lá dentro?”, indaga Kátia.
“Na minha opinião, hoje sendo do Dia Internacional da Mulher, uma comemoração, um dia especial como esse e nós termos eleito um presidente que esta respondendo um processo de violência doméstica, violência contra a mulher. Foi uma afronta à sociedade de Porto Real”, afirmou a vereadora Bianca Sampaio.
Alguns moradores estão dispostos a lutar na Justiça para tentar impedir que a eleição da última segunda-feira prevaleça. “Ainda essa semana vamos consultar um advogado para saber se podemos usar de algum instrumento legal para anular a votação, que foi antecipada de dezembro para 8 de março”, afirmou um parente da vítima.
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