Nesses anos todos de carreira cobri várias campanhas eleitorais, entrevistei muitos políticos – uns sérios e outros nem um pouco. Como repórter tive e tenho contato direto com o povo. Transito com muita facilidade pelos corredores do poder, sem, entretanto, misturar as coisas.
Um certo dia, em 1994, no interior do Nordeste, deparei-me com um candidato a deputado que me fez lembrar de uma figura pública lá de Mirai. Estava numa cidadezinha insalubre de Pernambuco fazendo uma matéria sobre o comportamento dos candidatos e dos eleitores durante a campanha eleitoral, quando encontrei um tal de “Dr. Teixeira”, um homem de muita eloqüência.
Falastrão, entrou num casebre e, mostrando-se comovido com o estado de miserabilidade da dona da casa e de seus oito filhos, soltou seu repertório. Prometeu dentadura a mulher e ao marido, comida e brinquedos para a criançada amarela e barriguda de vermes. Fiz o meu trabalho e não voltei lá para saber se as promessas foram cumpridas ou se tudo não passara de palavras, vazias como as que sustentam os discursos fáceis da politicalha.
Na minha infância, lá em Mirai, conheci um certo Sr. Teixeira, homem de aparência austera, sempre vestindo ternos impecáveis. Certo dia ele chegou em minha casa apresentando-se candidato a não sei o que. Do cargo disputado eu não me lembro, mas a promessa ecoa até hoje nos meus ouvidos: “Se eleito, chegarei aqui com um saco cheio de brinquedos”.
Não sei se ele alcançou ou não seu intento, mas a promessa, tenho certeza, não foi cumprida.
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