quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Dívidas comprometem Nova Iguaçu

Companhia de Desenvolvimento tem 97 faturas protestadas em cartório.

Débito total da Prefeitura pode chegar a R$ 500 milhões.

Com uma dotação orçamentária de cerca de R$ 850 milhões para o exercício desse ano, o município de Nova Iguaçu está mergulhado em dívidas, débitos que podem passar de R$ 500 milhões. Só a dívida do setor de saúde está estimada em cerca de R$ 100 milhões, sendo quase R$ 50 milhões do Hospital da Posse e pelo menos R$ 20 milhões com as clínicas particulares conveniadas, algumas delas sem receber desde agosto de 2008.

Além da administração direta, a empresa municipal Companhia de Desenvolvimento de Nova Iguaçu (Codeni), também está devendo muito na praça. De acordo com uma certidão emitida pelo 3º Serviço Notarial e Registral de Nova Iguaçu, em poder do blog, só à empresa Ipiranga Asfaltos S/A, que protestou 97 títulos, a Codeni está devendo exatos R$ 3.033,814,00. A Ipiranga protestou faturas vencidas em junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro do ano passado.

O prefeito Lindberg Farias e a direção da Codeni foram procurados para falar sobre o assunto, mas não se pronunciaram.


A obra de duplicação do Viaduto da Posse parou uma semana antes da eleição



Muitas obras foram interrompidas



Durante a campanha pela reeleição o prefeito Lindberg Farias plagiou Lula para propagar suas ações: “Nunca na história desse município se viu tanta obra”. Passada a eleição os moradores dos bairros periféricos dão a tardia resposta: “Nunca em sua história Nova Iguaçu viu tanta obra iniciada e paralisada logo depois”.

Um dos casos que mais revolta os moradores é o projeto de duplicação do Viaduto da Posse e da Estrada Henrique Duque Estrada Mayer, a Estrada do Ambai. “Foi tudo uma enganação e desperdício de dinheiro. A estrada não foi duplicada coisa nenhuma. Isso não aconteceu em nenhum trecho da via e o viaduto continua no mesmo jeito. O que a Prefeitura fez foi levantar pilares que estão lá atrapalhando o tráfego na Via Dutra. Também tem aqueles escombros no Alto da Posse, fruto das desapropriações que só serviram para prejudicar os comerciantes”, protesta Manoel Francisco de Souza, morador do bairro.

Por conta dessas obras bairros inteiros foram esburacados, ruas interrompidas e os moradores dessas localidades se queixam de que estão vivendo hoje numa situação ainda pior do que a que se encontravam antes das obras serem iniciadas.


Saúde pode explodir de vez em março


Nova Iguaçu, admite o próprio governo, nunca recebeu tantos recursos do governo federal como nos últimos anos, principalmente para os setores de Saúde e Educação. Tanto dinheiro, entretanto, não serviu para melhorar o atendimento que, de acordo com médicos lotados na rede municipal, piorou e muito de 2005 para cá. “Aqui no Hospital da Posse trabalhamos na base da improvisação. Tem faltado de tudo. A crise está aí. Só não vê quem não quer”, revela um deles.

Ainda segundo informações do próprio governo, 20% das dívidas do município são do setor de Saúde. O Hospital da Posse deve cerca de R$ 50 milhões e está também com dezenas de títulos protestados. A dívida da Secretaria de Saúde com as clínicas conveniadas que prestam serviços já chega a R$ 20 milhões. Algumas unidades não recebem desde agosto. O Centro Oncológico, por exemplo, tem R$ 1 milhão a receber e em novembro do ano passado chegou a paralisar o atendimento por falta de recursos.

O Hospital de Caridade Iguassu, unidade filantrópica que ajuda a desafogar o Hospital da Posse, passa por grandes dificuldades por causa do calote da Prefeitura e a situação pode piorar.

“O prefeito deixou de pagar aos conveniados porque desviou o dinheiro dessas unidades para algum lugar que ninguém sabe onde. Agora terá de desviar de novo para pagar porque não virá mais dinheiro do SUS para os conveniados, já que o funcionamento dessas unidades ficou prejudicado pela falta de pagamento e elas não tem mais como gerar receita. O que os conveniados têm a receber não é nenhuma ajuda ou favor. É pagamento por serviços prestados comprovados por faturas e quitadas pelo SUS, que enviou o dinheiro e a Prefeitura enfiou ninguém sabe onde. Essa é a verdade que a Secretaria Municipal de Saúde tenta esconder. A situação está a cada dia pior e o setor pode explodir dentro de três meses”, afirmou o diretor de uma clínica conveniada.





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