Acompanho a trajetória política de Magé desde 1982, ano em que Renato Cozzolino – o patriarca da família – foi eleito prefeito pelo PDS, derrotando o favorito da época, José Barbosa Porto, que havia sido cassado durante a revolução e tentava retornar ao poder pelo PTB. Renato governou até morrer em 1986, deixando dois anos de mandato para o vice-prefeito Ademir Ullmann cumprir (o mandato era de seis anos).
O velho Cozzolino foi apontado como o melhor prefeito daquela geração, suplantando Olívio de Matos, Juberto Teles e Iran Menezes. Foi a partir de Renato que Magé passou ter representante na Assembleia Legislativa, com a eleição de José Cozzolino (PFL, irmão do patriarca. Aliás, um ano depois, Magé ganhou mais um deputado estadual: o suplente Ibiracy Pereira assumiu no lugar de Veiga Brito, que faleceu em 1987.
Voltei ao passado para explicar o presente. Com o velho Cozzolino não havia confusões, até porque a única semelhança dele com os herdeiros que hoje confundem Magé como extensão de seus quintais, eram os olhos azuis e o gênio forte. Trabalhava muito. Pensava no bem estar do povo 24 horas por dia. Lembro-me de uma vez em que ele me olhou e disse: “Escreve que vou desapropriar a casa de saúde de Piabetá e fazer dela um hospital”. Não revelou quando faria isso, mas 15 dias depois o decreto saiu. Então estagiário de jornalismo (me formei em 1984), puxava as orelhas dele nas páginas quando se fazia necessário, mas havia uma relação de muito respeito. Naquela época eu escrevia para o Jornal Hoje, o primeiro diário da Baixada Fluminense. Como eu era muito magro, Renato me chamava de “Macarrão”.
Depois do velho Renato Magé continuou elegendo deputados estaduais. Em 90 José Cozzolino foi reeleito (dessa vez pelo PDC)) e José Barbosa Porto integrou a bancada do PDT. Em 1994 foram três deputados estaduais: Núbia Cozzolino, Renato Cozzolino Sobrinho e Renato do Posto e quatro anos depois Magé reelegeu Núbia, elegeu Júnior do Posto e mandou Renato Sobrinho para a Câmara dos Deputados. Em 2002 Núbia ganhou o terceiro mandato e Nelson do Posto conquistou uma cadeira, com Magé mantendo duas vagas na Assembleia Legislativa, fato que se repetiu em 2006 com Jane Cozzolino e Renata do Posto, que acabaram envergonhando o município.
Chegamos a 2010 e Magé não elegeu ninguém. A família Cozzolino apostou em nomes de fora e perdeu. O município teve vários candidatos a deputado estadual e dois fortes a federal. Nestor Vidal mostrou que tem capital eleitoral: obteve mais de 50 mil votos, deixando claro que em 2012 poderá sacudir a roseira. Genivaldo Ferreira Rodrigues, o vereador Batata, não passou dos 14 mil votos, mas mostrou que sabe movimentar o tabuleiro. Os vereadores Rafael Tubarão, Werner Saraiva e Amisterdan Santos Viana, passaram da casa dos 10 mil, mas ainda precisam aprender que é melhor unir forças do que jogar separados, sobretudo quando o que está em jogo é o interesse da coletividade.
O que quero dizer é que se Magé tivesse um pensamento coletivo teria eleito pelo menos um deputado estadual e outro federal. Poderia, mas nunca é tarde para aprender a pensar antes de fazer, pois Magé é muito maior que o umbigo de seus políticos.
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