“Fiquei em casa nove meses com salário de prefeito e foro privilegiado, o que é uma imoralidade”, disse Núbia na CPI da venda de sentenças
A CPI da venda de sentenças, instalada pela Assembléia Legislativa para investigar denúncias de tráfico de influencia junto à Justiça Eleitoral, concluiu que a ex-prefeita de Magé, Núbia Cozzolino, submeteu-se à mediação do estudante de Direito Eduardo Raschkovsky, para que ele influísse junto ao desembargador Alberto Motta Moraes em um processo criminal que havia sobre ela e que teve Moraes como relator. O processo é o mesmo que resultou no afastamento dela no cargo, em setembro do ano passado.
A conclusão é do deputado Paulo Ramos, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, que ouviu Núbia na última quinta-feira. Depois de faltar a três convocações a ex-prefeita compareceu para depor. Ela disse não se lembrar o quanto pagou pelo serviço prestado por Raschkovsky, a quem, afirmou, acreditava ser advogado. Para Paulo Ramos o comportamento e o depoimento de Núbia na CPI “representaram uma confissão explícita”.
“Ela estava muito assustada. Durante suas falas, alternou momentos de objetividade com outros pouco claros, mas demonstrou que se submeteu à mediação de Raschkovsky, ao que tudo indica, para influir junto a Motta Moraes. Quem teve a oportunidade de assistir ao depoimento pode perceber que ela quase confessa e também quase denuncia que o referido processo, até hoje, não teve andamento”, afirmou Ramos.
De acordo com a ex-prefeita, o Ministério Público entrou com a denúncia em junho de 2008 e apenas em setembro de 2009 o caso foi relatado e ela foi afastada. “Ele recebeu a denúncia e me afastou, mas levou um ano e meio para fazer isso. Fiquei em casa nove meses com salário de prefeito e foro privilegiado, o que é uma imoralidade”, disse Núbia Cozzolino, que declarou ainda ter certeza de que a morosidade no andamento do processo poderia ter se dado pelo fato de Raschkovsky ser conhecido do desembargador.
Durante o depoimento Núbia mostrou-se preocupada em não produzir prova contra si mesma. “Sou testemunha, mas, se eu falar o que vi e o que vivi, estarei daqui a pouco enquadrada como acusada”, disse Núbia , acrescentando ser difícil encontrar um prefeito que não conheça Raschkovsky. “Todo mundo sabe que ele atuava no Tribunal e que pessoas que tinham processo normalmente o procuravam e resolviam suas pendências jurídicas”, concluiu a ex-prefeita de Magé.
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