quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Proteção que gera revolta

Vereador acusado de estupro continua amparado por colegas em Porto Real


O ano legislativo começa em Porto Real da mesma forma em que o exercício de 2009 foi encerrado: com insatisfação popular pela permanência do vereador Heitor Silvestre (DEM), na Câmara, quando, entendem várias lideranças locais, deveria ter sido afastado do mandato até que o Tribunal de Justiça conclua o processo ao qual ele responde por sequestro, cárcere privado, agressão, ameaça e estupro contra uma jovem de 24 anos, crimes que, segundo denúncia do Ministério Público, ocorreram na noite de 19 de julho do ano passado e pelos quais Heitor pode ser condenado a 16 anos de reclusão.

Heitor, que foi submetido a exame mental, alegou insanidade, argumento muito usado por advogados na defesa de acusados de violência contra mulheres. De acordo com parentes da vítima, o vereador estaria tentando denegrir a imagem da vítima na cidade, como forma de minimizar a situação dele. O clima na cidade é revolta e indignação contra a mesa diretora da Câmara, que ainda não tomou nenhuma providência para afastar o acusado das funções de vereador.


Corporativismo

Para as lideranças comunitárias locais, a Câmara está protegendo Heitor, que, segundo entendem, não tem a menor condição de continua exercendo o mandato. “Achamos que o presidente da Câmara deveria tê-lo afastado para preservar a instituição, mas o que temos visto é um grupo fazendo a defesa de Heitor, como se nada tivesse ocorrido”, lamenta Maria Celeste de Souza.

A permanência de Heitor no exercício do mandato, para a advogada Maisa de Souza Bastos, é uma afronta a sociedade. “Os vereadores precisam saber que eles não são os donos do poder. Como dizia Ulisses Guimarães, todo poder emana do povo e para ele tem de ser exercido”, completa Maisa.

De acordo com uma fonte ligada a Câmara de Porto Real, a permanência de Heitor no mandato se deve a um grupo que tem pressionado a presidência da Casa a ignorar o clamor público e por a capa do corporativismo sobre o acusado.



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