domingo, 2 de outubro de 2011

Entre o feijão e o sonho

A máquina administrativa de Magé está com as engrenagens emperradas, prejudicadas por coisas mal feitas, irregularidades conscientes e descaso geral. É fato e não há quem não saiba disso. O conserto é lento, trabalhoso e requer cuidados especialíssimos, mas todos temos pressa e nos achamos capazes de resolver tão graves problemas com nossas sugestões, criticas e visão pessoal. Nos achamos no direito de julgar alguém incompetente só porque não vamos com a cara dele. “Fulano não pode ocupar tal secretaria porque não sorri, beltrano é incapaz de desempenhar tal função porque passou por mim e não deu bom dia. E aquela lá? Nossa, como é antipática! Vai ser uma péssima diretora...”
Amigos, como tenho lido mensagens desse tipo nos últimos dias... Até entendo essa pressa, a ansiedade dessa gente visando mudanças bruscas, repentinas, mas o problema é que 99% do que recebo vem de pessoas que estão entre o feijão o sonho. Boa parte dos que me enviam mensagens impublicáveis pelo conteúdo irresponsável na base do “aquela nova diretora está roubando merenda”, está revoltada porque o sonho era pessoal e não coletivo. A mudança para muitos desses é melhorar a própria condição e dane-se a situação precária do vizinho. Esses passaram anos em silêncio e agora gritam contra e nem sabem por que o fazem, ignorando que o que teriam a fazer agora é apoiar. Para esses o feijão, infelizmente, é mais importante que o sonho e o amanhã não existe, pois só o agora lhes interessa.
Via antes uma luta movida por ideais nobres. Os gritos de mudança traduziam anseios de dias melhores, soavam como uma promessa de esforço conjunto e incondicional para um futuro promissor, mas tenho percebido que a visão de futuro para muitos é de curto alcance. Não vai além do próprio umbigo. Amigos, o que quero dizer é que a luta tem de continuar, que a visão tem de ser muito mais ampla, pois não podemos pretender a sombra sem antes cuidar que a árvore seja frondosa.
Eu acredito em dias melhores e você? Acredito porque vejo cada um dos que estão nessa luta como aliado e não como adversário. Acredito porque a mim não interessa se fulano é simpático, se dá bom dia, se sorri facilmente ou se gosta de mim. O que cobro desse fulano é seriedade, é comprometimento e responsabilidade para com a coisa pública. O resto é coisa pequena, é visão medíocre.


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