quinta-feira, 24 de julho de 2008

Quem tem não está nem aí

“Quem tem fome tem pressa.” Me lembro muito bem da frase popularizada pelo PT numa campanha apoiada pela Igreja Católica. Pois bem, ao que parece, depois que chegou ao poder, o Partido dos Trabalhadores perdeu a pressa. É o que se pode ver no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, um pedaço importante do Grande Rio. Nessa cidade o PT parece só ter pressa mesmo para fazer despesas, mas não para pagá-las. Tanto é assim que na mesa da chefe de gabinete do prefeito, Maria José Andrade – chamada pelos próprios colegas de “dama-de-ferro” – repousam vários processos de pagamento, alguns há mais de um ano. A maioria das obras que a Prefeitura divulga que “estão sendo tocadas a todo vapor”, foram paralisadas. As empreiteiras não recebem pelo serviço e a conseqüência disso é a fome dos operários.

Ontem voltei a ser procurado por gente que defende o prefeito Lindberg Farias com unhas e dentes. Tomei um chopinho com dois vereadores do bloco de sustentação do governo e eles externaram certo desespero com situação. Disseram-me que o pessoal da campanha não está recebendo. Eles me falam daqueles temporários que ficam nas ruas segurando bandeiras por uns trocados no final da semana. “Já trocaram duas turmas e o pessoal não recebeu ainda”, contaram. Aí me lembrei de outra coisa. Lindberg tem como companheira de chapa a deputada Sheila Gama (PDT) que declara um senhor patrimônio. Será que ela não podia meter a mão na bolsa e garantir pelo menos o lanchinho desse pessoal?

Também ontem encontrei um empreiteiro. O homem estava muito tenso. “Não adianta reclamar com o prefeito. Ele chama a Maria José diz para ela resolver o problema. Estou ouvindo isso desde fevereiro. Vou ter de parar de trabalhar. Terei de dispensar os trabalhadores, mas não tenho como indenizá-los”. Repetiu ele para mim lamentos que ouço com freqüência.

Esses fatos me fazem acreditar que o PT perdeu realmente a pressa e que só está mesmo interessado em mitigar a própria fome, porque a dos outros, o estômago do operário que não recebe, da moça e do rapaz que estão nas ruas panfletando e desfraldando bandeiras, não é problema dessa gente que se acha poderosa demais para se preocupar com “pequenos detalhes”.




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