Tudo a “preço de banana”

Presidente da Câmara de Casimiro de Abreu esconde

da Justiça valor real de seus bens.

Exposto à opinião pública por ter criado mais 20 cargos de confiança na Câmara Municipal de Casimiro de Abreu para abrigar pessoas indicadas pelos vereadores do bloco de sustentação ao prefeito Antonio Marcos Lemos, o presidente do Poder Legislativo, João Medeiros Neto volta a ser notícia por conta de mais uma polêmica: não ter declarado os valores reais de seus bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que é obrigado por lei a todo cidadão interessado em disputar mandatos eletivos. De acordo com levantamento feito pelo jornalista Elizeu Pires em relação a dois imóveis do vereador, Medeiros pode ter mentido para a Justiça ao declarar valores que corresponderiam a menos de 20% do preço de mercado.

Segundo declarou ao TSE, Medeiros tem um lote no bairro Extensão do Bosque, área nobre de Rio das Ostras, por ele avaliado em apenas R$ 6.200,00; uma casa no número 26 da Rua Dr. Otávio Moreira, em Barra de São João, com valor de R$ 30 mil; 50% de uma empresa (avaliado em R$ 3 mil); uma aplicação no Banco do Brasil (R$ 104 mil), e um automóvel Clio, modelo 2006 (R$ 40.990,00). Ao todo, pela declaração apresentada, Medeiros tinha no ano passado R$ 184.190,00 em bens, mas, segundo informações de corretores de imóveis só a casa de Barra de São João valeria mais de R$ 250 mil.

“Preço de banana”

Construída num amplo terreno, localizada na esquina da Rua Dr. Otávio Moreira com a Avenida Marcílio Dias, área nobre de Barra de São João, de acordo com a avaliação de dois corretores de imóveis, vale entre R$ 200 e R$ 250 mil, valores muito distantes dos R$ 30 mil declarados pelo vereador João Medeiros, mas poderá chegar a R$ 300 mil com as obras de reforma que estão sendo feitas no imóvel. No número 45 da Rua Dr. Otávio Moreira, a poucos metros do imóvel do vereador, uma casa - construída em terreno menor do que o de Medeiros - está à venda por R$ 330 mil, R$ 300 mil a mais do que o valor declarado pelo vereador.

Outra distorção encontrada na declaração prestada pelo presidente da Câmara de Vereadores de Casimiro de Abreu ao TSE é quanto ao lote do bairro Extensão do Bosque, que ele disse valer apenas R$ 6.200,00, valor completamente fora da realidade. Levantamento feito mostra que o lote em questão mede 600 metros quadrados e é o de número 1431 da Avenida Brasil, onde funciona uma loja de materiais de construção que ocupa pouco mais de 10% do terreno. De acordo com a ficha cadastral do imóvel, o valor venal do prédio no qual funciona a loja é de R$ 30.509,54 e o valor venal do terreno é de R$ 36.495,53, seis vezes mais que o declarado por João Medeiros ao TSE.

Para alguns corretores imobiliários, os valores declarados pelos imóveis pelo vereador João Medeiros estão “muito aviltados”. “Se ele quiser me vender compro esse terreno por R$ 120 mil. Pago a vista e vendo depois por R$ 200. Acredito que ele tenha se enganado ao declarar o valor desse lote. Isso aqui é Extensão do Bosque. Não terreno aqui que possa ser comercializado por menos de R$ 100 mil”, completou um dos corretores ouvidos pelo jornal.

Em 2008, quando a declaração foi feita ao TSE, o terreno de Rio das Ostras, com valor declarado de R$ 6.200,00 tinha o valor venal predial de R$ 27.839,94 e o valor venal territorial fixado em R$ 21.949,01