segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sem direito a nada

Prefeitura de Nova Iguaçu demite quem trabalha

e deixa idosos sem atendimento.

As demissões feitas pelo prefeito Lindberg Farias (PT), estão tornando pior o que já era muito ruim. Usuários da rede municipal de Saúde, principalmente os idosos que eram atendidos nas unidades do Programa Saúde da Família, estão sendo mandados de volta para casa sem serem examinados.

É o caso, por exemplo, de Roberto Santos de Moura e Gleizier dos Santos, que foram buscar socorro na unidade de Austin, onde moram e não conseguiram. Eles foram então tentar uma consulta no PAM da Rua Dom Walmor, no centro de Nova Iguaçu e saíram de lá revoltados. Os dois foram dispensados por um atendente que informou: “Vocês só podem ser atendidos na localidade onde moram. Agora é assim”.

A revolta é geral e atinge usurários e demitidos. Mônica de Castro está grávida de três meses. Trabalhava numa unidade do PSF e foi demitida pela coordenadora do programa, Beatriz Lessa, que alegou que estava apenas cumprindo ordem do prefeito. “Fui demitida sem qualquer explicação”, lamentou Mônica que participou de um protesto em frente do prédio da prefeitura, juntamente com usuários das unidades do PSF.

Para Roberto Santos Moura, o que estão fazendo em Nova Iguaçu é uma covardia. “Estão nos fazendo de palhaços, pondo a gente para andar para cima para e baixo buscando atendimento médico. Se a unidade existente no bairro onde moramos não funciona, não temos outro jeito senão buscar socorro em outro lugar, mas quando fazemos isso somos informados de que só podemos ser atendidos no posto da nossa localidade. Como isso será possível, se lá não tem ninguém para nos atender?”, indaga Manoel Francisco de Souza, outro manifestante.

Os idosos cobram do prefeito a volta das cuidadoras que os atendiam através do Programa Saúde de família. “Fizeram uma covardia com a gente. Durante a campanha esse prefeito me pareceu tão bonzinho. Foi lá na minha rua, entrou na minha casa, me beijou, me chamou de vó e agora faz isso com a gente”, completou Maria da Conceição Ribeiro.

Só quem trabalha perdeu o emprego

Alegando que precisava reduzir gastos com pessoal para implantar o plano de cargos e salários dos professores, o prefeito Lindberg Farias fez várias demissões nos últimos dias, mas poucos cortes aconteceram nos cargos de confiança destinados aos aliados políticos, principalmente nos ocupados por militantes do PT. Esses continuam empregados.

“Não é novidade para ninguém que centenas de pessoas estão nomeadas e recebem sem trabalhar. O próprio Tribunal de Contas já constatou isso, mas o prefeito prefere demitir quem trabalha. Tem secretário-adjunto demais nessa administração. Com o que um deles recebe dá para pagar os salários de cinco cuidadoras para os idosos. Isso é uma verdade que o prefeito finge não ver”, finaliza o líder comunitário José Francisco de Souza.

De acordo com o relatório final de uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), entre e maio e junho do ano passado, foram detectados na administração mais de 800 pessoas nomeadas em cargos de confiança que recebiam sem trabalhar

“Ninguém dá jeito”

A situação na rede municipal de Saúde vem ficando pior a cada ano. Desde que o prefeito Lindberg Farias assumiu o governo (em janeiro de 2005) Nova Iguaçu já teve seis secretários de Saúde e o oitavo deverá ser nomeado nos próximos dias, já que o sétimo, Marcos Souza, está para ser exonerado a qualquer momento.

“A verdade é que nesse governo ninguém se preocupa mesmo em resolver o problema da Saúde e não se pode dizer que é por falta de recursos, pois o governo federal tem mandado muito dinheiro para a prefeitura investir no setor. O problema é de competência mesmo. O prefeito nomeia um secretário atrás do outro e a cada troca a coisa piora”, diz um médico antigo do Hospital da Posse.

Para os usuários da rede municipal, a situação é mesmo insustentável. “Quando encontramos médico nos postos, não tem remédio. Nada funciona e não adianta reclamar, porque ninguém dá jeito. É como ninguém se importasse com a gente”, desabafa Jorgina de Souza Lima, moradora de Austin.

Se é difícil para o usuário da rede municipal de Saúde fazer uma simples consulta médica, a realização de exames exige um longo período de espera. “Estou há dois meses tentando fazer um eletrocardiograma e não consigo. Tenho uma vizinha que está com uma lista de exames para fazer. Espera há cinco meses”, completou Jorgina de Souza.


A demissão das cuidadoras deixou os idosos desamparados




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