É com muita tristeza que escrevo o artigo desta semana. Uma tristeza marcada por confusão. Falo da pintura da Catedral Santo Antônio de Jacutinga, em Nova Iguaçu, que está ganhando as cores da atual administração do governo municipal. Isso é muito triste, ainda que seja uma coincidência, mas pior será se essas cores realmente forem uma alusão da Igreja Católica ao atual governo.
Como homem público, sempre acreditei que o Estado deveria ser laico, conforme determina a Constituição Brasileira. O homem público não pode confundir as coisas. Ele é obrigado a governar para todos. Ele não se pode dar ao luxo de governar para apenas uma religião, e sim para todos aqueles, respeitando a manifestação religiosa e todos os credos.
Soube que a Catedral de Nova Iguaçu está ganhando as cores laranja e amarelo ouro, utilizadas pela Prefeitura de Nova Iguaçu em suas escolas e aparelhos públicos. Ainda que seja uma simples coincidência, como afirma o Bispo Dom Luciano Bergamin, essa é uma coincidência infeliz, sobretudo quando sabemos que tal governo foi marcado por denúncias e mais denúncias de malversação do dinheiro público.
Acredito que a atual pintura tinha a intenção de dar um tom mais moderno à Catedral. Mesmo que seja esta a intenção, isso deveria ser consultado aos fiéis. Muitos desses paroquianos não estão satisfeitos com as cores escolhidas. E eles têm razão. Afinal, são freqüentadores das missas e ali estão quase que diariamente. Preparar um projeto de reforma e não consultá-los foi um grande equívoco de quem administra a Catedral.
Se não bastasse a relação que a Igreja vem mantendo com a atual administração, onde ela aluga para a Prefeitura de Nova Iguaçu diversos imóveis, agora pintar sua Catedral com as cores do governo é certo? Ela pode, sim, alugar prédio. Pode até manter programa e convênios com a atual gestão municipal. Não sou contra, não. Só não posso aceitar é que além disso, vista a camisa laranja que simboliza o atual prefeito.
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