Eleitores disseram não a Alair Corrêa, Sílvio Lopes, Alcebíades Sabino, Nelson Bornier, Carlos Moraes e Sérgio Bernardelli.
O resultado das urnas, mais que mostrar a vontade soberana do povo, que elegeu novos prefeitos, reelegeu outros, assegurou cadeiras para centenas de vereadores e renovou muitos quadros no Poder Legislativo, acabou com vários “mitos”, destronando políticos sempre vistos como vencedores, nomes que os analistas nunca acreditavam que perderiam uma disputa eleitoral. A vontade do povo deu uma dura lição em “caciques” como Alair Corrêa (ex-prefeito de Cabo Frio), Sílvio Lopes (Macaé), Alcebíades Sabino (Rio das Ostras), Nelson Bornier (Nova Iguaçu), Carlos Moraes (Japeri) e Sérgio Bernardelli (Porto Real).
Para o cientista político Milton Borba, os eleitores resolveram apostar no novo e dá como a exemplo as vitórias dos prefeitos de Macaé e Cabo Frio. Em Macaé Riverton Mussi (PMDB), teve mais que o dobro dos votos dados ao ex-prefeito Sílvio Lopes, que tentou voltar ao comando do município pelo PSDB, enquanto que Marquinho Mendes (PSDB), prefeito de Cabo Frio, foi reeleito com uma diferença de 13 mil votos, desbancando de vez Alair Corrêa (PMDB), considerado como o último “coronel” da política fluminense.
No município de Rio das Ostras o ex-prefeito Alcebíades Sabino (PSC), até que não fez feio nas urnas, mas seu desempenho não foi suficiente para tomar o lugar do prefeito Carlos Augusto Balthazar (PMDB). Além de perder a disputa Sabino pode ficar sem o mandato de deputado estadual, pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o recurso impetrado por ele. Esse foi o segundo recurso perdido por Sabino nos últimos três meses. O mesmo TSE derrubou o impetrado pelo PSC. Ele é processado, juntamente com a deputada federal Solange de Almeida (PMDB), por compra de votos nas eleições de 2004.
Duas vezes prefeito de Nova Iguaçu, o deputado federal Nelson Bornier (PMDB) nunca havia perdido uma eleição desde sua entrada para a vida pública, quando se elegeu deputado federal pelo PL em 1990. No último dia 5 as urnas disseram não ao parlamentar, derrotado por Lindberg Farias com um diferença de 50% dos votos. Outro “cacique” da Baixada Fluminense barrado nas urnas foi Carlos Moraes Costa (PSC), duas vezes prefeito de Japeri. Moraes foi derrotado pelo vereador Ivaldo Barbosa dos Santos, o Timor (PSDB), que enfrentou ainda o ex-prefeito de Paracambi, Andre Ceciliano (PT).
No Sul Fluminense o velho cacique da política da região foi derrotado nas urnas e na Justiça. Sérgio Bernardelli (PP), primeiro prefeito de Porto Real, foi “massacrado” nas urnas pelo prefeito Jorge Serfiotis (DEM) e seus votos acabaram não computados porque a candidatura dele foi impugnada no final pelo TSE.
Marquinho apresenta seus projetos
Na última sexta-feira o prefeito Marquinho Mendes, reuniu a imprensa para falar sobre os projetos que realizará durante o novo mandato. “O povo entendeu que o meu compromisso é com a dignidade do cidadão, com as pessoas dessa terra. Nosso governo teve 85% de aprovação e temos a consciência de permanecer com os nossos acertos e corrigirmos os possíveis erros. Vamos continuar caminhando juntos. Eu fui para as ruas, trabalhei muito, levei propostas junto com o grupo que nós formamos. Nas nossas caminhadas, verifiquei que o povo queria que eu continuasse como prefeito. O povo já estava percebendo que o nosso governo é um governo diferente. Na periferia; e no distrito de Tamoios, tivemos 70% dos votos. Pela primeira vez o cidadão se sentiu valorizado. Nós optamos por apresentar propostas, e não por atacar os adversários. Foi a vitória de uma campanha limpa e decente”, afirmou.
Sobre os servidores contratados e que terão de ser substituídos por funcionários concursados, o prefeito reeleito afirmou que a máquina administrativa não pode funcionar sem eles. “Cabo Frio é de todos, sim, mas se eu tiver que optar entre dar um contrato para uma pessoa que me ajudou a ser reeleito ou para um adversário, darei para aquele que me ajudou. Isso é justiça, e que fique bem claro para toda a imprensa: vamos realizar concursos públicos, pois temos que obedecer à Justiça. Mas se depender de mim, nenhum funcionário contratado será mandado embora. Será sempre necessário o trabalho dessas pessoas”, completou.
Entre os projetos para o próximo governo, Marquinho Mendes destaca a construção do Centro de Convenções, o que, segundo ele, vai alavancar a economia do município, gerando mais empregos e renda, além de atrair mais investidores para a cidade, como é o caso do Clube Med, o quarto do país, que será construído no Peró e cujas obras estão previstas para começar em dezembro deste ano.
Ele assegurou ainda que vai realizar melhorias no Hospital de Tamoios e começar a construção do restaurante popular, onde as refeições serão fornecidas a R$ 1. Também serão criados três novos terminais de ônibus no distrito de Tamoios e nos bairros São Cristóvão e Jardim Esperança, além do projeto de revitalização do centro da cidade, que inclui, entre outros, a criação de um estacionamento subterrâneo, o que facilitaria a vida de moradores e turistas, principalmente no verão e nos grandes feriados.
Decreto contra o nepotismo em Macaé
Dois dias após ter sido reeleito com 41.64% dos votos válidos, o prefeito de Macaé, Riverton Mussi (PMDB), assinou o Decreto 244 proibindo o nepotismo na administração pública direta e indireta do município. O decreto segue a decisão do Supremo Tribunal Federal, que em agosto proibiu a nomeação de parentes dos chefes do executivo e legislativo na União, estados e municípios.
“Estamos cumprindo a decisão da Súmula Vinculante número 13, aprovada em agosto pelo Supremo Tribunal Federal, que acaba com o nepotismo nos três poderes da República. Temos parentes na prefeitura, mas são pessoas com boa qualificação profissional e técnica para os cargos que exercem. Vamos perder esta mão-de-obra”, disse Riverton.
Com cinco artigos, o decreto proíbe a nomeação para cargos de provimento em comissão ou para funções de confiança na prefeitura, fundações e autarquias municipais. Está proibida a nomeação de cônjuges, companheiros ou parentes em linha reta, lateral ou por afinidade, até o terceiro grau da autoridade nomeante (prefeito), servidor público ocupante de cargo de direção, chefia ou assessoramento. Também não será permitido o nepotismo cruzado, com ajuste com designações recíprocas entre Executivo e Legislativo.
A única exceção do Decreto é na nomeação dos secretários especiais. Os casos de dúvida serão encaminhados à Procuradoria Geral do município, que irá emitir parecer e submeter a questão para decisão do prefeito. A partir da publicação do decreto, todos os órgãos da administração direta e indireta estão obrigados a provocar ou efetivar a exoneração imediata de qualquer servidor que esteja exercendo cargo em desacordo com o decreto.
Carlos Augusto comemora com o povo
Reeleito com 51,39% dos votos válidos, o prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto Balthazar comemorou Praça José Pereira Câmara, onde, mesmo debaixo de chuva, a população festejou o resultado das urnas com alegria. Antes o prefeito esteve com a família na 2º Igreja Batista, onde foi agradecer a Deus pela reeleição.
“Nossa administração trabalhou muito pelo desenvolvimento e a qualidade de vida de todos, por isso sempre acreditei no reconhecimento da população, que hoje confirmou nas urnas o desejo de continuidade desse projeto que tem compromisso com povo de nossa cidade. Fiz questão que agradecer a Deus em primeiro lugar a nossa vitória, a vitória do desenvolvimento de Rio das Ostras”, afirmou Carlos Augusto.
Na praça, Carlos Augusto agradeceu a confiança e a participação de toda a população e dos partidos parceiros, que, segundo ele, estiveram ao seu lado durante toda a campanha. De lá, a festa seguiu para Costazul, onde o prefeito comemorou com a população junto de um trio elétrico. “Estou muito feliz. Fiz questão de vir até a praça para festejar essa vitória porque eu acredito nesse prefeito, nas coisas boas que ele está fazendo pela nossa cidade”, disse Maria Alice, moradora de Cidade Praiana.
O aposentado Teodoro dos Santos, de 109 anos, não pode comemorar em praça pública por conta da saúde debilitada, mesmo assim, fez questão de votar para reeleger Carlos Augusto. “Eu já não preciso mais votar, mas fiz questão porque quero que Carlos Augusto continue prefeito da nossa cidade”, disse seu Teodoro.
Durante seu discurso, Carlos Augusto destacou ainda seu compromisso de administrar para toda a cidade e de honrar as propostas de governo no desenvolvimento da educação, saúde, turismo, geração de emprego e renda e mais oportunidades a todos. “Eu serei o prefeito de todos. Aqui, hoje, não existe vencedor, não existe vencido. Existe uma cidade que a gente ama e que estamos construindo juntos. Por isso, no segundo mandato vamos continuar trabalhando com responsabilidade e competência e superando os próximos desafios. A cada um de vocês que acredita no nosso projeto de administração, muito obrigado”, finalizou o prefeito.
Ampla vantagem em Nova Iguaçu
As vozes que saem das urnas nem sempre são aquelas que confirmam a invencibilidade de alguns candidatos, como o caso do deputado federal Nelson Bornier, que amargou a sua primeira derrota. Bornier, que atingiu 33,21% dos votos válidos na cidade, obteve 133.805 sufrágios. Seu concorrente Lindberg Farias (PT), que iniciou a campanha em segundo lugar, conseguiu uma vitória consagradora ao atingir quase o dobro de seu oponente (65,35%), obtendo assim a marca histórica para a votação de prefeito, com 263.292. A vitória de Lindberg foi um balde de água fria nos planos do governador Sérgio Cabral (PMDB), que de olho em 2010 pretendia fazer a maior parte das prefeituras da Baixada Fluminense.
A disputa eleitoral em Nova Iguaçu foi polarizada desde o início das campanhas e até mesmo antes dela. Bornier liderava as pesquisas até duas semanas da eleição em primeiro, no dia 5 de outubro. Lindberg não só ultrapassou Bornier como colocou uma ampla vantagem sobre o seu rival político. Nelson atribuiu sua derrota à aparição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na propaganda de TV de Lindberg. Com popularidade em alta, Bornier credita a Lula o fato de ser o maior cabo-eleitoral de Farias.
No entanto, em Nova Iguaçu não se falava outra coisa. Nas rodas políticas regadas a cafezinhos, era unânime que na cidade só haveria apenas o primeiro turno. O fato foi confirmado e a eleição teve característica de plebiscito, onde o eleitorado conferiu a Lindberg o direito de governar Nova Iguaçu por mais quatro anos.
Ao derrotar seu adversário e ajudar a eleger aliados em outras cidades da Baixada Fluminense, Lindberg Farias deu o seu primeiro passo em direção a uma disputa majoritária em 2010. De olho na geografia política do estado, ele poderá ser candidato a senador ou governador. Nesse sentido, a vice-prefeita eleita, a deputada estadual Sheila Gama (PDT), poderá ser prefeita da cidade sem passar pelo crivo do eleitorado e administrar Nova Iguaçu por mais de dois anos e sete meses.
Na disputa entre os dois principais adversários, das 21 cadeiras existentes na Câmara Municipal de Nova Iguaçu, oito serão ocupadas por vereadores eleitos que se candidataram em legendas da base de apoio à candidatura de Nelson Bornier. Os partidos aliados de Lindberg Farias elegeram 13 vereadores, um a menos da importante bancada de 14 parlamentares, que forma dois terços da Casa, quantidade necessária para aprovar os projetos mais importantes.
Renovação em Porto Real
O prefeito Jorge Serfiotis foi reeleito por mais quatro e seu maior compromisso é continuar levando o município de Porto Real pelos trilhos do progresso, assegurando melhores condições de vida para todos. A Justiça Eleitoral acabou conferindo ao prefeito reeleito 100% dos votos válidos, porque o adversário de Serfiotis, o ex-prefeito Sérgio Bernardelli teve a candidatura impugnada. Os poucos votos dados a Bernardelli foram anulados. Serfiotis iniciará o segundo mandato com ampla maioria na Câmara, pois dos atuais nove vereadores apenas quatro – José Roberto Pereira, Rafael Carvalho, Jaime Silva e Sérgio Hotz – conseguiram ser reeleitos.
Cumprindo o terceiro mandato de vereador, José Roberto foi o mais votado do município. Ele conseguiu 6.33% do total apurado pela Justiça Eleitoral e também aparece como o vereador proporcionalmente mais votado da região.
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