sexta-feira, 16 de maio de 2008

Uma morte anunciada

Poucos meses depois de completar 175 anos de fundação, a cidade de Nova Iguaçu vive um escândalo sem precedentes nas últimas décadas. Denúncias e mais denúncias sobre a malversação do dinheiro público surgem a cada dia. Até pedido de intervenção, no município, foi feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Dezenas de inquéritos nos ministérios públicos estadual e federal correm em sigilo. A Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) iniciou a investigação de denúncias feitas pela revista Isto É. Mas, o que chama a atenção é quem protagonizou este cenário, onde o mar de lama é o pano de fundo deste grande roteiro de um drama policial.

Atende pelo nome de Luiz Lindberg Farias Filho, prefeito de Nova Iguaçu, o principal personagem deste capítulo sombrio sobre a administração pública municipal. Um jovem que entrou na política liderando outros tantos jovens aguerridos do movimento estudantil, após se declara o responsável pelo afastamento do então presidente Fernando Collor de Mello. Filho de classe média alta, um garoto mimado que chegou a poder sem precisar de realmente conhecer as dificuldades do povo. Rebelde, em Brasília, queria militar na ala mais radical da política, trocando o partido que lhe elegeu, o PCdoB, pelo PSTU. Viu frustrada a sua tentativa de reeleição pela legenda, e logo fez uso do seu oportunismo para filiar-se ao PT, agremiação política que estava na moda na entrada do terceiro milênio. Aliou-se à ala mais radical do PT, mas depois traiu seus pares (Heloisa Helena, Luciana Genro e Babá, fundadores do PSOL) ao pedir as bençãos do então todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu.

O preço da traição que seria pago com o oportunismo, seria o apoio maciço à sua candidatura a prefeito de Nova Iguaçu, local escolhido pelo jovem paraibano para ser o seu laboratório político de práticas abusivas para a manutenção no poder. Mas, é justamente neste laboratório que o recebeu de braços abertos, que o projeto de poder começa a ruir. É em Nova Iguaçu, cidade que lhe foi a mais hospitaleira de todas por onde passou, que lhe dá o seu túmulo político e começa a por fim a um período de mentiras, ambições descontroladas e prevaricações pragmáticas. É nesta terra, onde a sua cultura e raiz foram esnobadas, que se abre o sepulcro político pequeno para quem tem a pequenez exagerada de querer o poder. O jovem que nasceu pequeno na Paraíba, politicamente, começa a morrer pequeno mais ainda na nossa grande Nova Iguaçu.






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