Oposição quer o afastamento e inelegibilidade do prefeito de Cabo Frio, por suposta compra de apoio político.
A Procuradoria Regional Eleitoral vai aguardar o laudo pericial da fita apresentada pelo Ministério Público Estadual para decidir sobre a denúncia de suposta compra de apoio, feita ao promotor Marcelo Marques pelo militante do PT, Abílio Cesar Bernardino contra o prefeito de Cabo Frio, Marquinhos Mendes (PSDB). A fita foi gravada pelo próprio denunciante, que, contou, teve dois encontros com o prefeito antes da convenção do último dia 25, na qual o diretório municipal do PT decidiu que apoiaria a candidatura de Marquinhos a reeleição.
O resultado da perícia poderá ser divulgado ainda essa semana. O procurador eleitoral, Rogério Nascimento, não confirmou se abriu inquérito para apurar o caso, mas a expectativa entre os partidos que fazem oposição ao prefeito é de que a promotoria eleitoral peça ao TRE a inelegibilidade de Marquinhos e, possivelmente, até o afastamento dele, sob a alegação de que estaria usando a máquina administrativa para colher dividendos político-eleitorais.
O comando do PDT no município já deixou claro que poderá representar na Justiça pedindo que o prefeito seja afastado, até que o caso seja esclarecido. A TRIBUNA DA REGIÃO tentou falar com o prefeito sobre o assunto, mas através de sua assessoria Marquinhos declarou que só vai falar a respeito depois que for comunicado oficialmente pelo Ministério Público da abertura de inquérito.
Abílio conversou, pelo telefone, com o jornalista Elizeu Pires e confirmou que esteve com o prefeito duas vezes. A primeira foi no dia 17 de maio, quando teria ouvido propostas de benefícios em troca de apoio político a Marquinhos. "No primeiro encontro eu ouvi as promessas do prefeito e depois fui para casa pensar. Isso foi num sábado. No dia 20, uma terça-feira voltei a me encontrar com ele e fui preparado para gravar a conversa, pois sabia que ele voltaria a me fazer propostas. Minha intenção era colher provas e denunciar tudo ao Ministério Público", afirmou Abílio que atualmente trabalha na construção civil, fazendo pequenas empreitadas.
Abílio disse quem tem medo de sofrer represálias, mas afirmou que ainda não havia recebido nenhuma ameaça. "Tenho medo de morrer como todo mundo, mas vou voltar para Cabo Frio, pois é lá que eu vivo", disse. Entretanto ele passou a última semana no Rio. Ele confirmou que o prefeito lhe ofereceu R$ 5 mil mensais, ajuda para uma obra em sua casa, 10 cargos de R$ 450 para o seu grupo de apoio e ainda dobrar o salário de sua esposa, que trabalha como auxiliar numa escola da rede municipal e recebe R$ 500 por mês.
PT acha acordo normal
Membro do Partido dos Trabalhadores há 23 anos, Abílio não tem nenhum cargo na direção do PT. "Sou apenas um militante e não fui ao encontro do prefeito para negociar em nome do PT. Fui lá, como já disse, para colher provas de compra de apoio e depois fazer a denúncia ao Ministério Público", afirmou.
Para o presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores, Paulo Henrique Mata Machado, a distribuição de cargos em troca de espaço no governo é comum. "Essa situação é desagradável, mas não ilegítima. É uma prática com de todos os partidos. O oferecimento de cargos já se tornou tradição na política brasileira", afirmou.
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