Prefeitura de Nova Iguaçu só vai pagar o mês de dezembro nos dias 19 e 20 desse mês. Vencimento de janeiro também deve atrasar.
O ano de 2009 ainda não terminou para funcionários, prestadores de serviços e fornecedores da prefeitura de Nova Iguaçu. Os salários de dezembro não foram pagos, os prestadores de serviços na área da Saúde não recebem há seis meses e alguns fornecedores estão fechando suas empresas por conta do calote do governo.
De acordo com o setor de Recursos Humanos os vencimentos de dezembro só serão pagos nos dias 19 e 20. A alegação é de que as chuvas que caíram nos dois últimos dias do ano teriam danificado o sistema de informática, impedindo o fechamento da folha de pagamentos. Entretanto, de acordo com funcionários desse setor, a folha estaria fechada desde o dia 22 de dezembro e o prefeito só não faz o pagamento porque não tem dinheiro em caixa. Segundo uma fonte ligada ao governo, a prefeitura está dependendo da arrecadação desse início do mês para pagar os salários.
“Isso é de conhecimento de todos aqui dentro. A folha está pronta. O que não tem é dinheiro. Nos últimos seis meses do ano passado a prefeitura vem se arrastando para pagar os salários. O prefeito deveria ter coragem de assumir sua incapacidade administrativa e dizer a verdade: não há dinheiro em caixa e a administração municipal está falida”, disse uma fonte da Secretaria de Finanças.
O clima entre os servidores municipais é de revolta. Eles entendem que estão sendo enganados com essa alegação de que o sistema foi danificado. O prefeito Lindberg Farias e o secretário de Finanças, Carlos Ferreira, o Ferreirinha do PT, não foram encontrados para falar sobre o assunto.
R$ 20 e um panetone
Enquanto a maioria das 13 prefeituras da Baixada Fluminense pagou o mês de dezembro antes do dia 30, quitou o décimo-terceiro e ainda concedeu abonos variando entre R$ 200 e R$ 500, a de Nova Iguaçu tem sacrificado os funcionários. Os servidores da área da Saúde são os que mais sofrem. Alguns terceirizados chegaram ficar três meses sem receber no ano passado. Em dezembro houve protesto no Hospital da Posse e a única oferta do governo foi um panetone e R$ 20, o que foi oferecido pelo secretário adjunto de Saúde, Carlos Laranjeiras, aos funcionários sem salário.
“Aqui somos tratados como soldados. Por trabalharmos numa empresa privada de segurança contratada pela prefeitura, o chefões acham que não podemos protestar. Podemos sim. Isso aqui não é quartel e nós não somos soldados. Não temos de ficar batendo continência para esse coronel. Daqui a pouco ele vai querer colocar a gente no pátio para fazer ordem unida e pagar flexões”, disse um vigilante, revoltado com a atitude do secretário adjunto de Saúde, que é coronel reformado do Exército.
Onde está o dinheiro?
Em dezembro o prefeito Lindberg Farias conseguiu autorização da Câmara de Vereadores para fazer um remanejamento de verbas no orçamento e pegar uma empréstimo de R$ 60 milhões junto a Caixa Econômica Federal. O dinheiro, alegou o prefeito, seria usado para quitar salários, saldar dívidas com fornecedores e financiar um programa de dragagem de rios.
“O remanejamento foi feito e não sabemos quem recebeu, porque os fornecedores continuam reclamando. Quanto ao empréstimo, não temos certeza se já foi feito ou se ficou para ser aprovado esse mês. O que temos certeza é de que a situação financeira da prefeitura é péssima”, disse um vereador do bloco de sustentação do prefeito.
Revoltados com o calote que estão levando da prefeitura, os prestadores de serviços na área da Saúde pretendem recorrer a Justiça nos próximos dias. São clínicas médicas e laboratórios particulares conveniados ao Sistema Único de Saúde, que fazem o atendimento e apresentam as faturas. O dinheiro para cobrir esses gastos é enviado todos os meses pelo governo federal e, de acordo com a lei, não pode ter outra finalidade.
“Nós queremos saber onde está o dinheiro, pois os repasses nunca deixaram de ser feitos pelo SUS. Se não recebemos é porque os recursos foram desviados para outra coisa. O prefeito e o secretário de Saúde terão de explicar isso na Justiça”, disse um prestador de serviço.
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