domingo, 24 de janeiro de 2010

Beleza não põe mesa em Arraial do Cabo

Favelização e desemprego “pintam” um retrato feio da cidade. A saída, acredita o governo, está na ampliação do Porto do Forno

Com cerca de 27 mil habitantes e um precário mercado de trabalho, o município de Arraial do Cabo, que tem na pesca e no turismo a base de sua economia, está precisando de um fôlego a mais para deixar de ser uma das cidades mais pobres do estado, mas se depender dos ecologistas isso não vai acontecer. Eles são contra o maior projeto de desenvolvimento da prefeitura.

O turismo já não rende tanto e a pesca deixou de ser boa para os pescadores locais há muito tempo. Eles sofrem a concorrência desleal das grandes embarcações a serviço dos frigoríficos. A saída para o município, aposta o prefeito Wanderson Cardoso de Brito, o Andinho, está na licença ambiental para o amplo funcionamento do Porto do Forno, o que deverá triplicar a receita do município, que hoje arrecada de R$ 3 milhões mensais, dinheiro que mal dá para os serviços básicos e cobrir as despesas com as folhas de pagamento da prefeitura e da Câmara de Vereadores.

A licença está em fase de tramitação no Ibama e a conclusão desse processo é esperada com ansiedade pelas lideranças locais que querem resgatar a cidade do poço de pobreza em que está mergulhada desde o fechamento da Companhia Nacional de Álcalis, que gerava pelo menos quatro mil empregos e era a sustentação do lugar.

O prefeito espera ver o Porto do Forno funcionando também como estaleiro e baseando carga e descarga de rebocadores, abrindo espaço para que a recuperação aporte no município. “Não temos outra saída que não essa e a ampliação será feita no espaço já destinado ao porto. Apresentamos um estudo de impacto ambiental detalhado, feito pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, da Marinha. Precisamos dessa licença como garantia de dias melhores para o município”, enfatiza o prefeito.


Ocupação desordenada

Arraial do Cabo tem as praias mais bonitas do estado, mas a beleza está ameaçada pela favelização que nos últimos 15 anos avançou sobre o município. Em 2006 o Ministério Público obteve na Justiça uma liminar determinando que a prefeitura tomasse medidas para conter a favelização, principalmente a ocupação desordenada verificada nas localidades de Figueira e Monte Alto, na Massambaba, onde o mar e a lagoa recebem esgoto diretamente. Na época o prefeito era Henrique Melman e muito pouco ou quase nada foi feito.

A decisão da Justiça obrigou a derrubada de casas construídas nas dunas, em parte da restinga e na faixa de praia. Várias foram demolidas, mas as agressões ambientais ainda são visíveis, por conta da omissão dos órgãos fiscalizadores do Meio Ambiente, o que obrigou o Ministério Público a tomar para si a tarefa de proteger a natureza impetrando uma ação civil pública contra a prefeitura de Arraial do Cabo.



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