Acredito que todos os que estiverem lendo esse artigo agora já ouviram de alguém que é preciso ter ética! Ter ética é preciso! Durante um tempo esse tema era moda. Quando do nascimento do Partido dos Trabalhadores essa discussão ganhou as ruas. Lula foi eleito no primeiro mandato sob o manto da ética. Com o tempo, mensalões e dossiês, depois percebemos que a coisa não era para valer e a ética foi para o brejo assim como o discurso moralista do PT. Hoje todos os partidos estão no mesmo saco e pouco sobrou do que antes era moda.
Pois bem. Há poucos dias o vereador Alexandre José Adriano, o Xandrinho (PV) da Câmara de Nova Iguaçu, conseguiu aprovar entre seus pares um Código de Ética para Casa. Só isso nos parece um fato muito interessante. Então, me pergunto, é necessário que os vereadores criem um código, por escrito, de ética entre eles. Suponho, portanto, que a palavra desses companheiros não é suficiente. Há que se criar regras para que esse grupo cumpra as leis! Interessante e, ao mesmo tempo dramático. Mesmo assim, em se tratando de tempos onde a ética anda meio fora de moda entre os políticos haveria que se louvar o posicionamento de Xandrinho.
Mas não é bem assim. Infelizmente, o que seria para ser louvado e gritado nas esquinas da cidade - “Agora a Câmara tem um Código de Ética! Agora os vereadores vão, finalmente, respeitar a Constituição!” – precisa ser sussurrado apenas na sessão da Câmara e divulgado timidamente em alguns meios de comunicação. E por quê? Simplesmente porque basta dar uma olhada no passado do vereador que fez a proposta para se ficar cheio de dúvidas. Por que um vereador que era líder da oposição e chamava o prefeito Lindberg Farias de canalha, de repente, passa a ser líder do governo e defender o prefeito como se defende um velho amigo?
Por que um vereador que, no começo do mandato, se aliou a voz mais feroz contra o governo, que era a do então vereador Celso Valentim, de repente passou a votar contra esse mesmo vereador? Por que Xandrinho, presidente da comissão de defesa da criança, nunca fez um projeto voltado para elas e sequer questiona o governo quando as ruas estão cheias delas pedindo, esmolando e sendo humilhadas? Será que essa voz é a melhor para levantar a bandeira da ética em uma Câmara que vota a favor das mensagens do prefeito sem lê-las?
Por tudo isso peço que o leitor ou leitora que estiver atento a esse artigo no momento tenha os olhos bem abertos. É importante acompanhar muito de perto os destinos desse Código de Ética que nasce de uma barriga de aluguel. Entre seus artigos consta um que a Mesa Diretora poderá até cassar o mandato do vereador que julgar fora da ética. Afinal, qual será a verdadeira ética desse grupo que trabalha muito mais pelos interesses pessoais do que pelos do povo? Lamentável ter que escrever sobre isso, mas não dá para fazer de conta que não está acontecendo. Vamos ficar atentos porque esse bebê pode se transformar em um adulto muito problemático.
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