Ministério Público investiga depósitos em dinheiro feito por secretário
de Finanças de Nova Iguaçu, para pagar contas pessoais do prefeito e prestações de apartamento registrado no nome da mãe de Lindberg Farias
Até quem já conhecia o prefeito Lindberg Farias (PT) de outros carnavais ficou surpreso com a quantidade de processos e com sua atuação na Prefeitura. O Ministério Público investiga há um ano e meio denúncias muito sérias envolvendo a mãe do prefeito em um suposto esquema de corrupção que está sendo encarado como formação de quadrilha. Chegou ao Ministério Público estadual cópias de extratos bancários onde são depositados valores para pagamento de um apartamento no condomínio Lake Side,no nome da mãe do prefeito, Ana Maria de Farias.
O Lake Side fica localizado em Brasília e até a posse de Lindberg como prefeito de Nova Iguaçu estava com prestações atrasadas de aproximadamente R$ 47 mil. Os documentos em posse do Ministério Publico mostram vários depósitos feitos para pagar as dívidas de Lindberg então como deputado federal. O que os promotores ainda não divulgaram, alegando segredo de Justiça, é se o dinheiro saia dos cofres públicos, do bolso dos fornecedores ou de um suposto esquema de corrupção revelado através de gravações por ex-membros do governo. Além do condomínio no nome da mãe de Lindberg, o MP investiga também pagamentos de contas pessoais de Lindberg como faturas de gastos com telefone das operadoras Vivo e Telemar, todas no nome do prefeito. Documentos aos quais o blog teve acesso mostram que alguns depósitos foram feitos em dinheiro pelo ex-secretário Fazenda, Francisco José de Souza, o Chico Paraíba, nas contas do condomínio, da empresa Wagner Imobiliária e na conta de Lindberg.
Cobrança por e-mail
Logo no início do governo um funcionário identificado como Paulinho recebeu email do gerente da agência da Caixa Econômica que atende à Câmara dos Deputados, Murilo Menezes, pedindo que tomasse providência para o pagamento em atraso de dívidas de Lindberg no valor aproximado de R$ 18 mil. Paulinho reenviou o email para o então secretário de Fazenda Chico Paraíba pedindo que tomasse providências. Segundo depoimentos prestados ao MP, logo depois esses pagamentos foram feitos.
A cobrança do gerente foi feita no dia 25 de agosto de 2005, em mensagem eletrônica enviada às 10h34. “Caro Paulo, gostaria de pedir sua ajuda no sentido de resolver as pendências de Luiz Lindberg Farias Filho na Caixa... Precisamos de uma posição com relação ao assunto o mais breve possível”, disse, entre outras coisas, Murilo no e-mail, que imediatamente foi encaminhado por Paulinho a Chico Paraíba, com o seguinte recomendação: “Chico, recebi essa segunda mensagem do Murilo... Acho que ele deve estar sendo pressionado pela direção do banco... Veja o que é possível fazer com urgência, pois esse assunto pode se tornar público lá em Brasília, nada bom para o momento que vivemos”.
Ao encaminhar a mensagem recebida do gerente, Paulinho disse ainda a Chico que não queria mais nenhum vínculo com as coisas pessoais de Lindberg.
Investigado desde os primeiros seis meses
Logo nos primeiros seis meses de governo, o prefeito Lindberg passou a ser investigado pelo Ministério Público Estadual. O processo está atualmente na Procuradoria Regional da República no Rio de Janeiro em fase final. A acusação é de irregularidades na distribuição de bolsas de estudo para alunos que não conseguiram vaga na rede pública. Lindberg e a então secretária de Educação, Marli de Freitas, são acusados de manter 1.700 alunos matriculados na rede pública mas estudando em escolas particulares.
Daí por diante, os processos só se acumularam. Hoje, o governo Lindberg responde a 300 processos na área civil e mais 300 na área de Fazenda Pública. Além disso, o prefeito responde também a outros cinco processos por improbidade administrativa. Mas, os problemas não param por ai. São mais de 100 procedimentos esperando para virar processo e mais de 100 inquéritos na mesma situação. Informações de fontes ligadas ao Ministério Público Federal dão conta de que o prefeito está sendo investigado até pela Polícia Federal da Paraíba. O Ministério Público Federal localizado em São João de Meriti também investiga irregularidades de Lindberg na administração de verbas do SUS.
Dinheiro do SUS para campanha do PT
Entre os processos, o MP quer saber onde foram parar R$ 1,8 milhões que foram utilizados na compra de receituários para serem utilizados por médicos do Hospital da Posse. O material nunca chegou à unidade e as investigações são de que o dinheiro teria sido desviado para ajudar na campanha de Vladimir Palmeira para governador do Estado nas eleições de 2004. O Ministério Público Federal também quer saber por que no dia 23 de setembro de 2005 deram entrada na Secretaria de Saúde dois pedidos de contratação para prestação de serviços exatamente iguais mas um era de R$ 2,8 milhões e outro de R$ 4.712.292,05.
Também está sendo investigado pelo Ministério Público Federal possíveis depósitos da verba da Saúde em Fundo de Renda Fixa o que é proibido pela lei do SUS. Já na área da Educação, a desconfiança está na compra de uniformes onde é investigado possível superfaturamento. Utilizando uma frase do aliado de Lindberg, presidente Lula: Nunca na história de Nova Iguaçu um prefeito respondeu a tantos processos como agora!
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