sábado, 6 de setembro de 2008

A grampolândia é aqui

Se o presidente Lula tivesse coragem o suficiente para admitir que os órgãos de segurança e de bisbilhotice da vida alheia em seu governo, vem, desde 2003, abusando dos grampos telefônicos, invadindo a privacidade de autoridades, parlamentares, jornalistas e de qualquer cidadão que ouse discordar do jeito petista de governar, ele diria mais ou menos assim: “Nunca antes, na história desse país, a Polícia Federal e os agentes da Agência Brasileira de Inteligência grampearam tantos telefones”.
Há dez dias confirmou-se o que todo mundo já sabia: um desses arapongas - saudosos dos tempos negros da ditadura, quando, a pretexto de caçar os inimigos da nação, milicos que se achavam a cima do bem e do mal saíram por ai seqüestrando, prendendo, torturando e matando pessoas que conseguiam pensar livremente, que enxergavam além do nariz – implantou uma escuta no gabinete do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrando que esse tipo de gente continua se achando acima da democracia.

Como a imprensa contou a história e exigiu providências, o ministro da Justiça Tarso Genro – aquele que depois da prisão do super poderoso banqueiro e comprador de autoridades, Daniel Dantas foi preso, determinou que os agentes federais parassem de usar algemas indiscriminadamente e deixasse de fazer espetáculo televisivo com aquelas operações que no momento rendem um monte de prisões, mas no final ninguém é condenado – mandou que a Polícia Federal instaurasse um “rigoroso” inquérito, ou seja, pôs a raposa tomar conta do galinheiro. É isso mesmo, pois a CPI dos grampos tem provas de que a PF tem grampeado muita gente nos últimos anos, alegando investigações, situação que deixa o país inteiro com medo de falar ao telefone, pois um cidadão comum pode acabar caindo nessa malha.

Entendo que os criminosos precisam ser investigados, julgados, condenados e presos, mas a sociedade não pode ficar refém de um meia-dúzia que acha que pode sair por ai afrontando o estado democrático de direito, pisando nas leis e usando o resultado dessas escutas sabe-se lá para que.

O caso do grampo no gabinete do presidente precisa ser esclarecido. Mais que isso. O governo tem de acabar com esses abusos e mostrar para o mundo que a ditadura no Brasil realmente acabou. Do contrário, continuaremos sendo vistos lá fora como habitantes de um republiqueta sem vergonha.


Pois é...

Diz a Constituição que todos são iguais perante a lei, mas algumas decisões judiciais sugerem que uns são mais e iguais que os outros. Vejam só: cinco vereadores de Nova Iguaçu respondem a processo de cassação por infidelidade partidária, mas somente um deles, Fausto dos Santos Azevedo foi punido. Perdeu o mandato, enquanto Claudio Cianni, Chiquinho da Ambulância, Daniel da Padaria e Marivaldo Amorim continuam lépidos e faceiros em suas cadeiras.


Infiéis

O PCdoB de Nova Iguaçu faz parte da coligação formada para tentar reeleger o prefeito Lindberg Farias (PT), mas alguns candidatos a vereador não estão satisfeitos com o tratamento dispensado pelos coordenadores de campanha e decidiram pular do galho. Trabalham agora com o nome de Nelson Bornier (PMDB).


Iluminado

Prefeito de Guapimirim, Nelson Costa Mello, o Nelson do Posto (PMDB), é velho conhecido da Justiça Eleitoral. Desde que venceu a primeira eleição, em 1992, vem tendo problema com o TRE e o Tribunal de Contas, mas sempre consegue um recurso em Brasília e consegue manter sua candidatura.

Em 1996, por exemplo, quando elegeu-se prefeito de Magé, ele teve a candidatura cassada há três dias do pleito. O advogado Eneas Rangel Filho, que hoje é o procurador-geral da Prefeitura de Rio das Ostras, conseguiu reverter a situação em 24 horas.

Semana passada o TRE cassou mais uma vez uma candidatura dele, mas Nelson do Posto continua com o bloco na rua e o advogado ainda é o mesmo.

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