“Uma confissão explícita de desespero, de medo das urnas”. É dessa forma que está sendo vista por lideranças políticas e comunitárias de Magé a comemoração ostensiva feita nas ruas de Mauá, Piabetá e Fragoso por membros da família Cozzolino, do governo interino, vereadores e o candidato a vice-prefeito Valdeck Ferreira de Matos na noite de sexta-feira, depois que começou a circular na cidade a notícia de que a eleição suplementar marcada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para a escolha do novo prefeito no dia 17 de julho, havia sido cancelada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Carros de som da campanha do candidato apoiado pela família Cozzolino, Werner Saraiva (PTdoB) começaram a circular noticiando o “cancelamento” e fogos de artifício e discursos contra o pleito passaram a ser ouvidos. A comemoração se deu por conta da apreciação de um mandado de segurança impetrado pela mesa diretora da Câmara de Vereadores contra o ato do TRE que marcou a eleição direta. Os vereadores querem eleger o novo prefeito de forma indireta. A justificativa é considerada juridicamente “muito fraca” por especialistas em direito eleitoral e pode ser derrubada a qualquer momento.
“O argumento usado no mandado de segurança impetrado pela Câmara de Vereadores não se sustenta. É tão frágil que custo acreditar que o presidente da Casa tenha conseguido um advogado para impetrá-lo. Não sei que decisão de fato foi tomada, até porque nada foi publicado, mas o que posso dizer que essa eleição não foi cancelada”, afirmou um especialista.
A campanha continuou no sábado sem o candidato apoiado pela família Cozzolino, Werner Saraiva, que tem como vice o ex-vereador Valdeck, que teve o mandato cassado em 2009 por prática de crime eleitoral, Os candidatos Nestor Vidal (PMDB), Álvaro Alencar (PT) e Genivaldo Ferreira, o Batata (PPS) foram para as ruas normalmente. Na manhã de sábado, em Mauá, houve um começo de conflito, quando militantes da campanha de Werner, com um carro de som, tentaram interromper uma caminhada do candidato Nestor Vidal, gritando que a eleição havia sido cancelada. A polícia foi acionada e os baderneiros foram tirados de ação.
Para algumas lideranças comunitárias, políticas e religiosas de Magé, o que está acontecendo no município é uma revolta do poder contra o estado democrático de direito, com a instituição do medo, das pressões e desrespeito pela sociedade, por parte dos que querem se manter no controle do município a qualquer custo.
“A decisão da Justiça marcando uma nova eleição encheu o povo de esperanças, mas reuniu os donos do poder na cidade numa missão única, a de impedir que a vontade do povo seja expressa nas urnas. A comemoração de uma liminar concedida com base num mandado de segurança que advogados dizem que não se sustenta, mostra perfeitamente que os que não querem eleição estão usando uma medida judicial que pode ser derrubada a qualquer momento, para dizer que o pleito foi cancelado. Não vejo essa festa como sinal de força, mas sim de fraqueza. Não há o que festejar. A não ser que essa seja a única vitória que o grupo veja como possível de conquistar”, entende o cientista político, Walmir Ranaldi, que acompanha a situação de Magé desde a eleição de 2008, quando Núbia Cozzolino, apesar de todos os escândalos, foi reeleita com 51% dos votos válidos.
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