domingo, 17 de maio de 2009

Coisas da opinião pública

Recentemente um deputado federal declarou que “está se lixando para opinião pública”. Tal declaração chamou a atenção da imprensa, principalmente por ser a guardiã da liberdade de expressão e da democracia. Mas a tal declaração revela bem como estão pensando algumas das cabeças políticas que governam este país.

Como se sabe, o Senado Federal tem passado por uma avalanche de denúncias que tiveram início após o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB) criticar os seus próprios companheiros de partido, chamando-os de oportunistas. Logo em seguida, a imprensa revela que só no Senado Federal existiam quase 200 cargos de diretores. Para amenizar tal denúncia, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), anunciou que contrataria a Fundação Getúlio Vargas para fazer um estudo e alterar o quadro administrativo. Pelo menos esse é o caso mais recente no Senado Federal.

Já na Câmara dos Deputados de Brasília o caso é outro. A mesma imprensa que tanto falou do Senado descobriu uma farra com passagens oferecidas por deputados. Começou com o deputado que deu passagem para a Adriane Galisteu viajar no Carnaval. Depois descobriram que a coisa era pior. A farra não ficava restrita às viagens em território nacional. Deputados gostavam de levar parentes e amigos ao exterior, isso tudo pago com o dinheiro do contribuinte. Após as denúncias na imprensa o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), resolveu a tal da medida moralizadora.

Outro dia foi a vez do ministro do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de Justiça, Joaquim Barbosa, criticar o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes. Em bom e alto som Barbosa acusou Mendes de manchar a imagem da Justiça e foi além: “não me trate como os seus capangas do Mato Grosso”, disparou. O Brasil inteiro teve a chance de ver essa cena na televisão graças à atenção da imprensa.

Portanto, quando ouvi o deputado dizer que estava se lixando para opinião pública me deu a vontade de falar ao ouvido da excelência: “o senhor pode se lixar para a opinião pública, mas ela não está se lixando para as instituições brasileiras”.




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