quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Gastando de forma errada

Milhões de Macaé não chegam para resolver os problemas do povo. Lideranças dizem que é questão de gerência.

Com cerca de 160 mil habitantes Macaé – graças aos royalties gerados pela exploração de petróleo na Bacia de Campos – é uma das 10 cidades mais ricas do Brasil, mas nem por isso dá à população a qualidade de vida que ela merece. Apesar de toda sua riqueza, o município tem os mesmos problemas estruturais verificados nas cidades pobres, principalmente em termos de saneamento básico. O problema, entendem as lideranças locais, está mais na má administração dos recursos do que na falta de projetos. “Nossa cidade tem muito dinheiro, mas não sabe usar. O problema, eu acho, não está no prefeito, mas nas pessoas que o ajudam a administrar”, diz o presidente da associação dos moradores da Barra, Rogélio Flores, que luta por dias melhores para a sua comunidade.

No ano passado o prefeito Riverton Mussi (PMDB) administrou um orçamento de R$ 715 milhões e na previsão aprovada pela Câmara de Vereadores constava que pelo menos R$ 153 milhões seriam destinados a investimentos, o que não se sabe se de fato ocorreu. O orçamento desde ano foi fixado R$ 865.118.830 e de o 2008 deverá chegar a R$ 1 bilhão, mas isso não garante a mudança esperada, pois em nome de uma reforma administrativa anunciada como engrenagem para tornar a administração mais ágil, vem servindo apenas para aumentar os gastos com pessoal.

“Acho que o problema é de gestão. O que percebo é que muitos compromissos assumidos não são cumpridos. Faz-se muitas dívidas e na hora de pagar fica difícil, pois as regras não são respeitas. O orçamento de muitas secretárias já está estourado, mas o prefeito continua nomeando apadrinhados políticos de vereadores e aliados, visando garantir um exército de cabos eleitorais”,pontua um vereador da ala independente.


Esse é o retrato da cidade que as autoridades locais ignoram



Riqueza cercada pela miséria

Quem entra no município, chegando pela BR-101 depara com o monumento ao petróleo, símbolo que sugere a riqueza gerada pelo petróleo, mas basta circular pela periferia para perceber-se que está numa pobre cidade rica. Dos mais de 160 mil habitantes da cidade cerca de 70% vivem em condições insalubres, cercados de esgoto por todos os lados. Entre os bairros Barra e Nova Holanda o retrato é de pobreza total. Os moradores se viram como podem para conseguir água. No canal, onde lama, óleo e esgoto in-natura se misturam, flutuam as mangueiras usadas para levar água até suas casas.

“Aqui vivemos por nossa conta e risco. Falam que nossa cidade é rica , mas aqui não temos nenhum benefício. Acho que o prefeito deve estar muito ocupado com outras coisas, pois não olham para nós. Ele é boa praça e até mostra-se interessado em resolver as coisas. Mostra projetos, discute os problemas com a comunidade, mas parece que os assessores e secretários mandam mais do que ele”, diz José Francisco de Souza, morador antigo do bairro Nova Holanda.


Monumento ao petróleo simboliza a riqueza de uma cidade sustentada pelos milhões dos royalties




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