segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Conflito de gestão afunda Macaé

Orçamento de mais de R$ 800 milhões está praticamente estourado e a Prefeitura deixa de pagar o que deve.

“Quem manda na Prefeitura de Macaé?”. É essa a pergunta que mais se ouve nos meios políticos do município nos últimos dias, indagação gerada do caos administrativo e da estagnação da máquina governamental, que mais parece um caminhão velho atolado, sem forças para sair do lugar.

Em outubro de 2004 os eleitores foram às urnas escolher um administrador para o município - um dos 10 mais ricos do Brasil -, e hoje constatam que tem gente demais mandando nos destinos da cidade e os resultados são desastrosos. “Apesar de tanto dinheiro o município está falido. A impressão que temos é a de que o prefeito e sua equipe se atrapalharam com o volume de recursos e meteram os pés pelas mãos”, diz um dos muitos credores da Prefeitura.

O embaralhamento da administração municipal já incomoda até o bloco de sustentação do prefeito Riverton Mussi na Câmara. Tem vereador achando que ele precisa demitir “uns dois ou três secretários”, que estariam atrapalhando. A administração municipal, revela uma fonte ligada ao governo, está devendo muito e o prefeito não sabe como resolver o problema. “O pessoal está perdido e a administração sem rumo, pois a Prefeitura tem muitos donos e esses donos não entendem nada de gerenciamento público”, diz a fonte, destacando que um dos donos que “mais manda é Carla Mussi”, referindo-se a irmã do prefeito, titular da secretaria especial de Planejamento e Gestão.

De acordo com a mesma fonte, “o prefeito não tem pulso e deixa a irmã mandar muito mais do que ele”. Pelo menos dois vereadores aliados concordam com isso. “A gente não sabe quem é o prefeito. Se Riverton ou se ela. Se Riverton não tomar uma posição agora, terá de arcar com as conseqüências no futuro. Ele precisa tirar o poder que a irmã exerce”, enfatiza um outro vereador aliado.

O que foi feito do orçamento? Onde está o dinheiro?

Além do conflito de gestão, com muita gente mandando e ninguém obedecendo, outra situação incomoda bastante algumas lideranças locais e aos próprios defensores do governo municipal: a questão financeira. “Quem tem a receita que Macaé possui não pode nunca ter problema de caixa, de dotação orçamentária. O problema é muito sério. Para este ano foi aprovado um orçamento de R$ 865.118.830, que praticamente já acabou. Tem secretaria que estourou sua dotação orçamentária logo nos primeiros quatro meses. Tem de haver planejamento. Se o problema não é esse, então é mesmo de incompetência. Se o titular da secretaria tal é incompetente, o prefeito deve substituí-lo, pois estamos falando de administração pública, de recursos muito altos e não da receita do bar da esquina”, fala outro vereador.

Ainda de acordo com a fonte ligada ao governo, tem secretaria contratando serviços através de outra, simplesmente porque alguém andou exagerando na ordenação de despesas.

“Muita gente que prestou serviço ou forneceu algum material ou equipamento nos três primeiros meses deste ano ainda não recebeu suas faturas e talvez nem recebam mais este ano, tal é o conflito de gestão verificado na Prefeitura. Estão atrasando até os repasses para instituições. Se o prefeito não cortar as asas de gente que está se achando com muito poder no governo, correrá o risco de entrar para a história como o pior administrador que o município já teve e isso não ficará nada bem no currículo dele”, finalizou um membro do bloco de sustentação de Riverton na Câmara.






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