sábado, 28 de março de 2009

Política de terceiro mundo

A maioria dos vereadores que conheço ainda não aprendeu a fazer política. Eles continuam acreditando que precisam de cargos no Executivo para que essas pessoas, presas a eles pelos salários, se aproveitem do cargo que ocupam para coptar, arregimentar e até ameaçar quem não ler a mesma cartilha do seu vereador. Ao longo dos anos se acostumaram a essa prática. É simples fazer carreira com o dinheiro da máquina administrativa que é, nada mais nada menos, que o dinheiro arrecadado dos nossos impostos. Eles não sabem, não aprenderam e não querem aprender a fazer política de verdade.

Essa prática não é privilégio dos vereadores de Nova Iguaçu. Legisladores preguiçosos que querem se encostar nas costas largas do Executivo são encontrados por toda a parte. No entanto, me cabe analisar esse espaço em que vivo e milito. Apesar da mudanças visíveis na Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu, a prática da maioria continua a mesma. Eles não sabem viver sem os cargos dados pelo prefeito, sem a influência de “mandarem” em postos de saúde e direção de escolas da rede municipal. Não entendem que o papel do Legislativo seria de fiscalizar e, se o desempenhasse de maneira correta, teriam a população ao deu lado.

Em Nova Iguaçu essa relação entre Legislativo e Executivo, que beira as raias do ridículo, chegou a tal ponto que pacientes só são atendidos no Centro de Saúde Vasco Barcelos se forem encaminhados por determinado vereador. A comissão de Saúde da Casa não toma providências porque “não pode atacar o colega”, as pessoas que procuram o atendimento não denunciam porque não acreditam nas autoridades. O secretário de Saúde faz de conta que não vê, o prefeito Lindberg Farias acha tudo muito engraçado e costuma dizer entre amigos que “em Nova Iguaçu não tem homem, nem lei, faço o que quero”.

A única esperança de que isso possa mudar é procurar a Justiça. Sabemos que a toga e o martelo são extremamente lentos. Sabemos que muita gente ainda vai morrer por causa dessa prática. Mas, não dá para cruzar os braços e assistir, uma Câmara que é conivente e fecha os olhos para os desmandos do prefeito porque precisa de cargos, um conselho da Saúde onde alguns conselheiros aceitam cargos de R$ 2 mil na Prefeitura para fazer de conta que fiscalização. Precisamos continuar denunciando: ao Ministério Público, ao Ministério da Saúde, à Polícia Federal e à Imprensa e torcer para que as novas gerações aprendam que política é coisa séria e que a prática de troca de favores é coisa de um povo atrasado e desinformado.




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