sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Será que é mesmo para valer?

Lideranças de Itaguaí entendem que CPI das casas é muito pouco diante do muito que precisa ser investigado no município

Embora tenha instalado uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar supostas irregularidades na distribuição das casas dos conjuntos residenciais, construídos em parceria com a Caixa Econômica Federal, em Chaperó - onde, segundo denúncias, algumas unidades teriam sido entregues a moradores de cidades vizinhas, com a Prefeitura deixando sem teto famílias carentes da própria localidade inscritas no programa habitacional -, os vereadores de Itaguaí terão de se desdobrar para conquistarem a credibilidade da população, por conta dos seis anos em que o prefeito Carlos Busatto Júnior, o Charlinho, fez o que bem entendeu sem ser fiscalizado pelo Poder Legislativo.
O blog ouviu vários moradores e comerciantes da cidade que disseram não acreditar que a Câmara tenha coragem de encostar o prefeito na parede e que se os vereadores quisessem mesmo fiscalizar abririam a caixa-preta na qual o prefeito tranca a contabilidade da Prefeitura, as licitações e os contratos de obras e prestação de serviços. “Esse negócio das casas é café pequeno. Quero ver é mexer na casa de marimbondos, esmiuçarem os contratos, as licitações, investigar porque só a construtora Litorânea vence as concorrências. Se quiserem mostrar que a coisa é mesmo para valer deveriam fazer isso”, entende o comerciante Jorge Luiz Cardoso.
Para algumas lideranças comunitárias, a CPI das casas pode ser “apenas uma cortina de fumaça”, um jeito arrumado pelos vereadores para darem satisfação à população sem bater de frente com o prefeito. “Quanto nós pagamos pelo serviço de coleta de lixo, por exemplo? Quanto nos custaram os postos de saúde e as escolas construídas pela empresa Litorânea? Onde o prefeito está enfiando o dinheiro da educação e as verbas da saúde? São essas respostas que queremos. Os vereadores bem que poderiam investigar isso. Assim estariam nos dando a satisfação que queremos ter”, completa o comerciante.

Muito dinheiro e pouca qualidade de vida
Conforme esse jornalista já noticiou, as lideranças comunitárias locais e moradores querem saber para que servem os vereadores de Itaguaí, pois o desempenho de uma das casas legislativas mais caras do estado não vem agradando. A insatisfação se deve ao que chamam de falta de firmeza dos membros da Câmara para fiscalizar as ações do Poder Executivo.
De 1º de janeiro de 2005 até 31 de dezembro de 2010, Charlinho teve pelo menos R$ 1 bilhão para gastar, sendo cerca de R$ 300 milhões de verbas federais, cuja aplicação será investigada pelo Tribunal de Contas da União e a Controladoria Geral da União.
“Os vereadores sempre souberam que muitas despesas são feitas sem licitação, têm informações sobre superfaturamento de obras e serviços, mas nada fizeram para esclarecer isso. Chegou a hora de os vereadores provarem de que lado estão, pois o que mais fizeram nos últimos anos foi ignorar as ações do prefeito”, pontua um motorista de táxi, que por razões óbvias pede para não ter o nome revelado. “Aqui em Itaguaí é ditadura mesmo. Se me identificar posso perder o direito de trabalhar”, conclui ele.


0 comentários: