.NOVA IGUAÇU – Familiares e médicos
As fotos são chocantes e algumas autoridades preferem dizer que não são verdadeiras para fugir da responsabilidade. “Quem diz que as fotos enviadas pelos médicos são falsas é porque não precisam do serviço público e nunca entraram no Hospital da Posse. A coisa mais comum é ver pessoas mobilizadas com papelão”, informa um funcionário que não quis se identificar. A presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), Márcia Rosa de Araújo concorda com o funcionário. “Cada dia falta uma coisa diferente. O médico nunca sabe o que vai encontrar no seu plantão. É o caos”, diz.
Em abril desse ano ela e sua equipe estiveram no Hospital da Posse. “Quando estivemos lá constamos a falta de estrutura e ouvimos a queixa dos profissionais. O médico fica entre a cruz e a caldeirinha. Precisa fazer o atendimento, precisa salvar a vida daquele paciente mas não tem meios para isso”, lamenta.
Márcia lançou essa semana a campanha “Quanto vale um médico”, que pretende expor para sociedade o problema do profissional. “Na verdade, o médico e o paciente estão do mesmo lado. O médico não é o vilão. É isso que queremos mostrar com essa campanha”, aponta. Márcia já pediu audiência com o governador Sergio Cabral, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o prefeito do Rio, César Maia. “O próximo a receber o pedido será o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Vamos procurá-los para tentar chegar a um denominador comum. O médico não pode trabalhar sem o mínimo de estrutura. As vezes, ele não tem sequer o soro para limpar o paciente”, completa.
A presidente do Cremerj lembra ainda que um médico ganha, aproximadamente R$ 1,5 mil por mês para fazer plantão de 24 horas. “Um policial rodoviário começa recebendo R$ 5.087,00. Isso também precisa ser revisto.
Vereador quer investigação
O vereador Marcos Ribeiro pediu a criação de uma comissão para investigar o que está acontecendo no Hospital da Posse. Ele também enviou ofício para a Secretaria Estadual de Saúde, para o governador Sergio Cabral, para vários órgãos de Direitos Humanos e até para a Presidência d República. Ele espera que a comissão seja formada por vereadores da oposição e da base aliada do governo para que possam juntos descobrir se o que acontece no Hospital da Posse é um problema de gestão ou de desvio de verba.
No início desse ano foi aberta uma CPI para investigar para onde está indo a verba de R$ 8,5 milhões que são repassados mensalmente ao município de Nova Iguaçu. A CPI está suspensa por liminar. “Precisamos saber, afinal, o que está acontecendo. O que não podemos é continuar assistindo a esse tipo de coisa sem fazer nada”, resume o vereador. Já o presidente da comissão de Saúde da Câmara, Cláudio Cianni, ainda não se pronunciou sobre o assunto, já que é da base aliada do governo.
A CPI foi aberta depois que proprietários de clínicas conveniadas denunciaram que não estavam recebendo o repasse do Sus há seis meses no final do ano passado. Na época, o prefeito Lindberg Farias disse a imprensa que “não estava repassando o dinheiro para as clínicas porque estava passando direto para o Hospital da Posse”, que já estava
Imobilizado por papelão
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