Milhões da Petrobras não servem para aquecer a comércio de Macaé. Lojas fechadas mostram que tem gente ganhando muito, mas gastando fora.
Os negócios no município de Macaé ultimamente só estão sendo mesmo bons para quem tem contratos com a Petrobras, para as empresas que atuam em função da estatal e por causa dela. Pelo menos é o que mostram as dezenas de lojas comerciais fechadas no centro da cidade nos últimos 12 meses, evidenciando que o dinheiro gerado no município está circulando em outra freguesia.
De acordo dados da Fundação Getúlio Vargas, a exploração do petróleo na Bacia de Campos injeta na região pelo menos R$ 15 bilhões por ano, volume de recursos que fariam o município realmente rico, se esse dinheiro estivesse circulando mesmo na cidade. “Desses cerca de R$ 15 bilhões apenas 20% ficam efetivamente em Macaé, incluindo ai os royalties repassados para a Prefeitura”, pontua o professor Hermes Barreto, que estuda a evolução dos municípios onde a Petrobras atua.
No caso específico de Macaé, pode se dizer que a chegada da Petrobras serviu para melhorar muitas coisas, mas não gerou o volume de empregos esperado, pois atraiu migrantes de vários pontos do país.
“Mais de 80% dos postos de trabalhos abertos direta e indiretamente pela Petrobras são ocupados por pessoas de fora, gente que ganha dinheiro em Macaé e gasta em outros centros comerciais. A cidade fica deserta nos finais de semana. A Petrobras é excelente para o município por causa dos royalties, mas não se pode dizer que ela aquece de verdade a economia local”, completa o economista.
Invasões e violência
Os moradores mais antigos sentem saudades do tempo em que a cidade tinha menos de 40 mil habitantes e sotaque interiorano. Hoje Macaé fala mais inglês do que português e sua população vive assustada com a violência, com as ações criminosas que quintuplicaram nos últimos cinco anos, com a “importação” de bandidos da região metropolitana do Rio, membros de facções como ADA e Comando Vermelho.
Dos cerca de 160 mil habitantes atuais pelo menos a metade vive em condições insalubres em sub-bairros da periferia, formados pelas invasões. No entorno da cidade surgiram comunidades que se viram como pode para sobreviver. Os chefes dessas famílias são homens e mulheres que chegaram de outros estados buscando a chance de suas vidas em um eldorado que nunca existiu, pois o mercado de trabalho é para mão-de-obra qualificada.
No mês passado a Prefeitura teve uma demonstração de que as famílias que vivem nessas comunidades desestruturadas estão mesmos dispostas a conseguir um teto a qualquer preço. Empurradas pelas condições miseráveis em que vivem, algumas delas invadiram as casas do Condomínio Cidadão Bosque Azul. A Empresa Municipal de Habitação, Urbanização, Saneamento e Águas teve de recorrer à Justiça e contar com a força policial para desocupar 17 das 307 casas
De acordo com o presidente da empresa, José Cabral da Silveira, as casas estão vazias porque os verdadeiros donos estão em processo de mudança, alguns impedidos por motivo de saúde. “O fato dos imóveis estarem vazios, em hipótese alguma, justifica a invasão”, alertou.
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