“Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz”. A frase, parte do diálogo entre a raposa e o príncipe, na obra de Antoine de Saint-Exupèry, revela a ansiedade diante da espera daquilo que muito se quer e isso me leva a fazer uma comparação com as muitas mensagens de leitores de Magé sequiosos de dias melhores. Percebo que uma parte já começou a ser feliz diante da expectativa de outubro de 2012, quando poderá ter um encontro com a mudança, mas uma outra grande parte, conformada com o que acha normal - a opressão vivida a cada dia - parece não querer ser feliz agora nem depois. Para esses voltarei a citar Saint-Exupèry.
Quando o príncipe, encantado com a raposa, a chamou para brincar, ela respondeu que não poderia, pois ele ainda não a havia cativado. O príncipe sequer conhecia o sentido da palavra e perguntou: “O que quer dizer cativar ?” Ela respondeu: “É uma coisa muito esquecida... Significa criar laços...” O príncipe voltou a indagar: “Criar laços?” “Exatamente”, disse a raposa. “Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...”
E a raposa continuou: “Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música...”
Então mageenses, cansados da “normalidade” do caos, dos escândalos, da falta de respeito pelo ser humano, da falta de austeridade, da falta de transparência com a coisa pública? Se deixem cativar pela mudança, plantem seus grãos de sonhos em solo fértil e colham a liberdade de pensar e poder falar, recuperem o orgulho de serem filhos de Magé e passem a ouvir como música os passos dos que caminham pelos corredores do poder, em vez de sentir o medo causado pelo som das botas dos coronéis tocando no assoalho.
Reflitam e fiquem com Deus.
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