Se a injustiça nos incomoda, não somos vaca de presépio. Se a dor alheia dos fere e a alegria do próximo nos arranca também um sorriso sincero, não somos mesquinhos. Se dividimos o pão, ansiamos por aplacar a sede daquele que nos bate à porta e nos sentimos bem em agasalhar o que sente frio, somos gente em busca da igualdade. Mas se nos calamos diante da opressão, se somos indiferentes à dor dos outros e se o que pretendemos é usurpar da alegria alheia, somos tão medíocres que não fazemos jus à condição humana.
Hoje é domingo de Páscoa. É quando celebramos a ressurreição de Cristo, um convite ao pensamento mais profundo sobre a vida que levamos e a que pretendemos levar. Que tal fazermos isso agora? Para ajudar traduzo abaixo o poema “Solo le pido a Dios”, escrito e musicado pelo argentino Leon Gieco, imortalizado na voz inconfundível de Mercedes Sosa:
Eu só peço a Deus
que a dor não me seja indiferente,
que a morte não me encontre um dia
solitário sem ter feito o que eu queria.
Eu só peço a Deus
que injustiça não me seja indiferente,
pois não posso dar a outra face
se já fui machucado brutalmente.
Eu só peço a Deus
que a guerra não me seja indiferente.
É um monstro grande e esmaga
toda a pobre inocência dessa gente.
Eu só peço a Deus
que a mentira não me seja indiferente.
Se um só traidor tem mais poder que o povo,
que esse povo não esqueça facilmente
Eu só peço a Deus
que o futuro não me seja indiferente,
sem ter que fugir desenganado
para viver uma cultura diferente.
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