quinta-feira, 28 de abril de 2011

Magé, onde o medo vence a esperança de Justiça


Dias desses conversei com um jovem promotor de Justiça, um determinado e consciente membro do Ministério Público. Ele é daqueles que fazem do seu exercício profissional um sacerdócio, Leva trabalho para casa e sacrifica os momentos em família para bem representar a sociedade na árdua missão de fazer Justiça nesse país. O encontro foi muito proveitoso e esclarecedor, mas também serviu para a constatação do óbvio: falta sustentabilidade na maioria das denúncias apresentadas contra os que gerem os recursos públicos em Magé.
O que constatei é que o medo tem sido grande aliado dos que se acham donos da cidade e fazem o que bem entendem com o dinheiro da saúde, da educação, com o orçamento de maneira geral. É por isso que Magé parece uma república independente, com leis próprias e tribunais parciais. Existe um inquérito sobre o uso de recursos do setor de educação que não anda de jeito algum e a culpa não é do MP, mas sim dos denunciantes, que mandam para lá um monte de papéis com ilações sobre isso ou aquilo. Algumas denúncias são relevantes, mas na hora de se botar o depoimento no papel a porca torce o rabo: o medo pesa na balança em favor dos denunciados e ninguém fala nada. É nesse momento que o medo supera a esperança e os donos da cidade se dão bem.
Entendo que as pessoas têm motivos de sobra para temerem. Isso é compreensível, mas não se pode responsabilizar os promotores de Justiça pelos inquéritos que não andam. Enquanto o medo falar mais alto os recursos continuarão saindo pelo ladrão. É por isso que os mageenses terão de fazer justiça com os próprios votos, pois naquele momento de intimidade com a urna o cidadão é a maior autoridade: é promotor, juiz, desembargador, ministro da mais alta corte e sua sentença só poderá ser revogada pelo próprio cidadão, quatro anos depois.

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