A possibilidade de um acidente na área do Centro de Tratamento de Resíduos que a partir de junho estará recebendo oito mil toneladas de lixo produzido na capital fluminense é muito maior do que os ambientalistas imaginam. A afirmação é do professor do Instituto Três Rios (ITR/UFRRJ), doutor em Planejamento Ambiental, Cícero Pimenteira. De acordo com o especialista, o Aquífero Piranema, formado pelas águas escoadas dos morros próximos, está seriamente ameaçado e a construção do CTR no local escolhido é um grande equívoco.
A preocupação de Pimenteira é a mesma do vereador Valter Valeriote, o Valtinho do Frigodutra, que está tentando, por vias judiciais, derrubar as mudanças feitas pelo Poder Legislativo na Lei Orgânica do município, para que o CTR pudesse ser construído no município. “Temos nos empenhado nessa luta contra o aterro sanitário desde o início e lamentamos que a maioria dos vereadores tenha apoiado o projeto mesmo sabendo dos riscos ambientais e sociais que ele representa”, afirmou Valtinho.
A mobilização contra o CTR reúne membros da comunidade local, estudantes e professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), mas não sensibiliza as autoridades locais. Tanto é assim que as mudanças na legislação para possibilitar o empreendimento foram aprovadas em agosto de 2007 por sete dos nove membros da Câmara Municipal e comemoradas pelo então prefeito, Darci dos Anjos. O CTR continua sendo visto como “coisa boa para o município” pela maioria dos vereadores e pelo Poder Executivo, que assistem calados as incursões feitas em Seropédica pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, que se comporta como se governasse também a cidade vizinha.
Na opinião do professor Cícero o CTR de Seropédica é um erro no planejamento estratégico do estado no médio e longo prazo. “O local proposto está situado sobre o Aquífero Piranema e próximo ao rio Guandu, que é responsável pelo abastecimento de água do Rio de Janeiro. O risco de contaminação é muito alto”, concluiu Pimenteira.
Tanto quanto com o reservatório subterrâneo de água localizado em Piranema, os ambientalistas estão preocupados com a universidade rural. Em documento assinado pelo reitor Ricardo Motta Miranda, o Conselho Universitário da UFRRJ afirma que o CTR põe em risco também o “patrimônio centenário de ensino, pesquisa e extensão” .
Baseado em informações sobre os riscos à UFRRJ, a entidade está impetrando uma nova ação judicial. “Nós movemos quatro ações e essas foram derrubadas por liminares, sob o argumento de que o Inea é o órgão competente para dar o licenciamento. Agora vamos ressaltar os prejuízos à comunidade universitária, como mau cheiro, disseminação de vetores de doenças e sobrecarga no tráfego de veículos”, explicou o professor José Cláudio Souza Alves.
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