Sem- tetos de Itaguaí queriam um lugar para morar, mas ganharam bombas e spray de pimenta nos olhos
Um cantinho para morarem e respeito das autoridades, principalmente por parte do prefeito Carlos Bussato Júnior, o Charlinho, é o que as 75 famílias carentes que no dia 23 de dezembro ocuparam parte das moradias nos conjuntos habitacionais Topázio, Esmeralda e Turmalina, na localidade de Gleba B, em Chaperó, no município de Itaguaí, estão reivindicando, depois do conflito verificado na última terça-feira, quando foram despejadas pela Justiça, a pedido da Prefeitura, que impetrou recurso de reintegração de posse, para que as moradias prometidas a essas e outras tantas famílias fossem desocupadas.
Usando spray de pimenta e bombas de efeito moral, 50 policiais do 24º BPM (Queimados) desocuparam as casas. As famílias de sem-teto deixaram as moradias sob protesto e revoltadas com a ação policial, solicitada pelo prefeito para garantir o cumprimento do mandado de reintegração de posse ex-pedido pela Justiça. “Os policiais chegaram metendo os pés nas portas. Mulheres grávidas e crianças foram agredidas com cassetetes. Os PMS espirraram spray de pimenta em nossos olhos numa ação de covardia. Não somos bandidos. Só queremos as casas que nos foram prometidas pelo prefeito”, desabafou Janaina dos Santos.
Embora tenham deixado os conjuntos, os ocupantes não desistiram da luta pelo direito às casas construídas pela Caixa Econômica Federal em convênio com a Prefeitura, que usou para isso uma área particular. No terreno foram erguidas 186 moradias e na Gleba B há espaço para pelo menos outras 300 unidades habitacionais. De acordo com o secretário de Planejamento, Maurício Vieyra, serão construídas em Chaperó mais 286 casas, mas o problema é que as famílias não acreditam mais nas promessas do prefeito.
“Charlinho disse que todos teríamos casa, mas em vez de disso mandou a policia nos tirar daqui na base da violência. Ele pediu nossos votos para eleger a mulher dele e depois nos trata assim, quebrando nossos móveis e destruindo nosso sonho de ter um cantinho para morar”, desabafa uma dona-de-casa, mãe de quatro filhos, que não sabe onde vai viver agora.
Câmara forma comissão
A ocupação e a operação de despejo das famílias serão apuradas por uma comissão formada pelos vereadores Abeilard Filho, Carlos Kifer e Toni Coelho. Foram designados pelo presidente da Câmara, Vicente Rocha para acompanharem a situação das famílias. Além dessa comissão, será criada uma CPI para investigar denúncias de que, na distribuição das casas, o prefeito Charlinho teria beneficiado moradores de municípios vizinhos, preterindo famílias de Chaperó que vivem em áreas de risco e necessitam dessas casas.
“Uma das alegações para a reintegração de posse é a de que os ocupantes não são de Chaperó. Fomos ao local no dia do despejo e constatamos que as famílias são da localidade e realmente precisam das casas”, afirmou o vereador Toni Coelho.
O vereador Abeilard Filho explica que a CPI será formada assim que a Câmara for acionada pelas famílias. “Nós vamos investigar desde o início da construção a ocupação. Queremos saber quais foram os critérios usados na distribuição dessas casas, quem são e de onde vieram os beneficiados, assim como vamos apurar porque muitas famílias foram deixadas de fora”, completou Abeilard.
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